Panorama internacional

Decisão da Espanha em reforçar o flanco leste da OTAN enfrentará um problema sério, diz especialista

O presidente da Espanha, Pedro Sanchez, anunciou na recente cúpula da OTAN em Vilnius que seu país enviaria 700 soldados para a Eslováquia e separaria outros 250 militares para despachar para a Romênia — dois países que fazem fronteira com a Ucrânia — como parte de um esforço para fortalecer o flanco oriental da aliança.
Sputnik
O plano da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de fortalecer sua presença militar na Europa Oriental vai enfrentar "sérios" problemas porque quase nenhum país pode reunir tropas em número significativo, e a Espanha não é exceção, disse o analista militar, Juan A. Aguilar, à Sputnik.
A Espanha seria capaz de enviar apenas um pequeno número de soldados para reforçar o flanco da OTAN na Eslováquia e na Romênia, acrescentou. De fato, o impacto midiático do anúncio feito recentemente pelo Presidente do país é muito maior do que o tamanho real das forças a serem enviadas para o terreno, observou o diretor do portal de pesquisa estratégica Geoestrategia.es.
Pedro Sanchez havia revelado durante a recente cúpula da OTAN em Vilnius que a Espanha vai enviar 700 soldados para a Eslováquia e reforçar sua presença na Romênia com 250 militares.
"Como membro comprometido, a Espanha vai anunciar o envio de forças espanholas na Eslováquia para reforçar a frente oriental e vamos reforçar nossa presença na Romênia com um maior número de tropas", disse Sanchez, acrescentando que seu país "continuar a contribuir para o esforço da aliança para alcançar a paz justa e duradoura."
Embora os detalhes ainda não tenham sido oficialmente especificados, Juan A. Aguilar avaliou o anúncio.

"Não acho que possam transferir mais de 300 soldados em três rotações anuais, cerca de 1.000 no total, um batalhão. Não há mais, a menos que se retirem de outros lugares", disse Aguila lembrando que embora a Espanha conte no papel "cerca de 150.000 militares", nem todos estão disponíveis para serem deslocados para o leste da Europa.

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"Desses 150.000 temos que subtrair os integrados em Corpos Comuns [das Forças Armadas] Quartéis-Generais, Logística (que são muitos), a Marinha e a Força Aérea. Depois, os das unidades especiais [...] e, claro, as tropas de guarnição destacadas nas Canárias, Ceuta e Melilla", explicou Aguilar.

"O que resta? Três brigadas leves e três blindadas mecanizadas, que não estão completas: cerca de 18.000 soldados. […] Há tropas destacadas no Líbano, Iraque, Mali, Turquia, Países Bálticos", aponta o especialista.

Não há tropas suficientes

A OTAN tem aumentado sua presença militar ao longo do flanco oriental da aliança, em países que compartilham uma fronteira terrestre com a Ucrânia, onde a Rússia está conduzindo sua operação militar especial. Os grupos de batalha multinacionais da OTAN estão atualmente estacionados na Estônia, Letônia, Lituânia, Bulgária, Polônia, Hungria, Romênia e Eslováquia. O presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou na quinta-feira (13) uma ordem executiva autorizando 3.000 militares da reserva dos EUA a aumentar a Operação Atlantic Resolve (resolução do atlântico), que fornece implantação rotativa de forças de combate credíveis para a Europa como parte do compromisso dos Estados Unidos com a OTAN.
Na opinião de Aguilar, o plano da OTAN de envio de tropas para o Leste Europeu tem um problema "grave", pois, tal como a Espanha, quase nenhum país pode reunir tropas em número significativo.

"Reino Unido e Itália [têm número] parecido. Alemanha menos. França um pouco mais. E do resto, exceto a Polônia, melhor não falar", explicou.

Moscou alertou repetidamente sobre as consequências dessas ações para a segurança regional e global, servindo apenas para atiçar as chamas da conflagração da Ucrânia. Quanto à mão de obra militar ao longo do flanco oriental da OTAN, Juan A. Aguilar disse à Sputnik que o movimento parece ousado demais.

"A OTAN quer mobilizar 300.000 homens na Europa Oriental. Os EUA colocariam 100.000, mas o restante dos países deve fornecer um total de 200.000. Se eles fizerem quatro rotações por ano, serão necessários 800.000 soldados. São números que, a menos que eles anunciem uma mobilização total, não podem ser fornecidos", ponderou.

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