Panorama internacional

Kiev pode perder US$ 500 milhões por mês se acordo de grãos for encerrado, indica análise

A Iniciativa de Grãos do Mar Negro está no limbo, com a Rússia ameaçando não renová-la na próxima segunda-feira (17) se as demandas de longa data de Moscou para diminuir as restrições ocidentais às exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes não forem atendidas. Os EUA, a UE, Turquia e a ONU instaram a Rússia a renovar o acordo.
Sputnik
A Ucrânia pode perder cerca de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões) por mês se o acordo de grãos com a Rússia não for prorrogado na segunda-feira (17), mostrou uma análise da mídia russa usando dados da ONU e do Ministério da Agricultura e Alfândega da Ucrânia.
De acordo com os números, entre agosto de 2022 e junho de 2023, a Ucrânia exportou cerca de 50,6 milhões de toneladas de grãos no valor total de US$ 9,8 bilhões (cerca de R$ 47 bilhões), com cerca de 78 a 80% das exportações sendo realizadas pelos portos do país e o restante por ferrovias, rodovias e embarques baseados em barcaças.
As exportações possibilitadas pela Iniciativa de Grãos do Mar Negro representaram 28,1 milhões de toneladas de grãos, ou 55,5% de todas as vendas ucranianas no exterior.
No total, as exportações via portos representaram cerca de US$ 7,7 bilhões (cerca de R$ 36,9 bilhões) em receitas, US$ 5,5 bilhões (aproximadamente R$ 26,3 bilhões) através do mar Negro e US$ 2,2 bilhões (quase R$ 10,6 bilhões) via rios, principalmente através dos portos do rio Danúbio de Ismail, Ust-Dunaysk e Reni ao longo da ponta sul da Ucrânia na fronteira com a Romênia. Em outras palavras, se o acordo de grãos não for renovado, a Ucrânia pode perder mais de US$ 500 milhões por mês.
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A Rússia e a Ucrânia assinaram a Iniciativa de Grãos do Mar Negro em julho passado, após negociações mediadas pelas Nações Unidas e a Turquia. O acordo, que previa um corredor marítimo seguro para navios que transportam alimentos dos portos ucranianos do mar Negro através de áreas marítimas controladas pela Rússia, também prometia a Moscou o alívio das sanções impostas pelo Ocidente às exportações russas de alimentos e fertilizantes.
Além disso, Moscou foi informada de que, se a Ucrânia não tivesse permissão para exportar suas commodities agrícolas substantivas para o exterior, isso poderia resultar em fome em massa entre os países dependentes de importações no Sul Global.
Moscou acabou descobrindo, no entanto, que apenas 3-5% das exportações de grãos ucranianos estavam realmente indo para países carentes, com quase 70% indo para países da União Europeia (UE) e Turquia, e em alguns casos, usados como grãos excedentes para engordar gado.
Ao mesmo tempo, como observou o presidente russo, Vladimir Putin, na quinta-feira (12), literalmente "nada" foi feito para acalmar as preocupações da Rússia sobre as restrições que permanecem em vigor, dificultando a logística, o seguro e a transferência de fundos para pagamento das exportações agrícolas russas. "Tem sido um relacionamento unilateral", disse Putin sobre o acordo.
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Putin deixou a porta aberta para o retorno da Rússia ao acordo, mas apenas se os parceiros de negociação de Moscou substituíssem as promessas vazias por compromissos concretos.
Em conversa telefônica com o presidente sul-africano, Cyril Ramaposa, o dirigente russo reiterou que "o principal objetivo do acordo, especificamente o fornecimento de cereais a países necessitados, inclusive no continente africano, não foi concretizado".
O escritório do coordenador da ONU para a Iniciativa de Grãos do Mar Negro confirmou esta semana que nenhum navio transportando fertilizantes russos — incluindo fertilizantes de amônia — deixou o porto ucraniano de Yuzhny desde que o acordo de grãos foi assinado no ano passado.
Pelo contrário, sabotadores ucranianos explodiram uma seção do enorme duto de amônia Toliatti-Odessa no mês passado, pondo fim às negociações sobre a reabertura do duto para enviar amônia russa através da Ucrânia para os mercados globais através do mar Negro.
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