A UE não negociará com a Rússia sobre a retomada do acordo de grãos, confiando nos esforços da ONU e da Turquia para resolver a questão, relatou uma alta fonte europeia a jornalistas em Bruxelas, Bélgica.
"Pedimos para a Rússia reconsiderar essa decisão, dizemos que a Rússia está criando uma situação perigosa, mas isso [negociações com a Rússia] não é nossa tarefa, não vamos tentar mudar a opinião da Rússia. Contamos com os esforços da ONU e da Turquia", disse a fonte.
Vladimir Putin, presidente russo, apontou repetidamente que os países ocidentais receberam a maior parte das exportações alimentares, mas o suprimento de grãos para os países necessitados, incluindo países africanos, que foi o principal objetivo do acordo, nunca foi realizado.
Tal é confirmado pelos dados da ONU, que mostram que os principais destinatários dos produtos agrícolas ucranianos no âmbito do acordo de grãos foram os países da União Europeia, que receberam 38% de todos os suprimentos, com mais quase um quarto para a China, e somente 2,3% indo para alguns dos países mais pobres, que incluem Afeganistão, Etiópia, Iêmen, Somália e Sudão.
A Rússia e a Ucrânia assinaram a Iniciativa de Grãos do Mar Negro em julho de 2022, após negociações mediadas pelas Nações Unidas e a Turquia. O acordo, que previa um corredor marítimo seguro para navios que transportam alimentos dos portos ucranianos do mar Negro através de áreas marítimas controladas pela Rússia, também prometia a Moscou o alívio das sanções impostas pelo Ocidente às exportações russas de alimentos e fertilizantes.
Moscou deixou na segunda-feira (17) o acordo após avisar muitas vezes que não vê o benefício da participação, devido aos navios da Rússia carregados com grãos serem proibidos na prática de deixar o mar Negro no âmbito da iniciativa.