"Para que querem recuperar suas reservas se estão fazendo a transição energética, especialmente no mercado automobilístico? Isto diz que você não precisará mais da mesma quantidade de combustível", pontuou Pech.
"Não quero dizer que daqui a dez anos serão eliminados, mas isso passará de maneira gradual. Desta forma, se as refinarias com as quais contam agora têm uma vida útil de 30 a 40 anos, não significa que necessitam colocar todo o combustível na brevidade porque existirão mais carros. Recordemos que nos EUA há cerca de 300 milhões de veículos", comenta.
"Os EUA usaram as reservas principalmente quando houve problemas [...]. Nesta ocasião, com o presidente Joe Biden, as usam para poder mitigar o preço do barril porque, como vimos no ano passado, subiu mais de 100 dólares por barril. Quando começaram a vender as reservas, porque não havia petróleo suficiente, isso ajudou a diminuir o preço", explica.
"Estas reservas têm sido um fator primordial para determinar o preço do barril, porque [se há] um menor armazenamento, [há] uma maior exigência; e se isso [acontece] nos Estados Unidos e estivéssemos na mesma situação de 20 ou 30 anos atrás, teríamos preços de barris acima de 100 dólares", detalha.
"Com isso, Washington fez uma por outra: tirou suas reservas, baixou o preço do barril e, com isso o custo das gasolinas, porque isso afeta diretamente a economia do país [...]. Se [Biden] não tivesse feito, o preço dos combustíveis teria permanecido mais elevado e, consequentemente, a inflação não teria diminuído. Assim, a taxa de juros na [nação norte-americana] teria aumentado", destaca o especialista Pech.
"Esse petróleo bruto comprado por [Washington] é misturado com seu petróleo bruto leve [...], estando as reservas baixas hoje em dia, mas podem aumentar à medida que a produção aumenta no chamado xisto. Nos EUA, a produção em 2008 era de quatro milhões de barris, e com a produção que se tem do xisto já chegaram até 12 milhões", esclarece Pech.
"Vão pressionar um pouco mais os carros a que melhorem a eficiência dos motores e, se necessitar, [a usarem] menos combustível, os Estados Unidos vão precisar de menos petróleo bruto nas refinarias. Recordemos que os EUA, por exemplo, exportam também gasolina e diesel. O México compra quase 800 mil barris por dia entre gasolina e diesel", concluiu o especialista na área de hidrocarbonetos e energia, Ramses Pech.