Os "vastos e densos" campos minados colocados pelas forças russas são o "obstáculo mais assustador" para a contraofensiva da Ucrânia, escreveu na quinta-feira (20) o jornal britânico Financial Times (FT).
Segundo ele, os campos minados "estão destruindo os blindados fornecidos pela OTAN, ferindo soldados e abalando o moral", impedindo o avanço.
"Podemos avançar com dez brigadas, mas não vai funcionar porque as minas estão por toda parte, a cada meio metro há minas", contou um comandante chamado simplesmente Sultan pelo FT.
Os militares ucranianos falaram de uma contraofensiva "dolorosamente lenta" devido a esse fator, "uma ameaça oculta que se tornou um tormento psicológico", com a qual até forças dos EUA teriam dificuldades.
"Para recapturar território, as tropas precisam atravessar milhas de campos abertos repletos de milhares de minas: antitanque, antipessoal, artefatos explosivos improvisados e uma série de armadilhas", sublinha a mídia.
Assim, apesar de os veículos blindados Bradley fabricados nos EUA e os tanques Leopard 2 alemães fornecerem alguma proteção, as minas "colocaram muitos veículos fora de serviço, interrompendo os avanços e deixando as tropas [ucranianas] a pé atravessando campos minados sob fogo".
Em resposta, os líderes militares ucranianos pediram a seus aliados ocidentais que fornecessem mais equipamentos de remoção de minas para Kiev, como os sistemas M58 MICLIC. Os EUA já forneceram à Ucrânia "alguns" desses equipamentos, "mas não na quantidade prometida", de acordo com o jornal.
A fortemente exaltada contraofensiva ucraniana começou em 4 de junho, após meses de atrasos devido à falta de suprimentos militares de doadores ocidentais.
O Ministério da Defesa da Rússia disse que as tropas ucranianas tentavam, mas não conseguiam avançar, com perdas que incluíam pelo menos 21 aviões, cinco helicópteros, 1.244 tanques e mais de 26.000 militares ucranianos. Vários veículos de imprensa ocidentais também apontaram os resultados modestos da contraofensiva de Kiev, com o próprio presidente ucraniano Vladimir Zelensky admitindo que o progresso era "mais lento do que o desejado".