Em 31 de julho, a Bolívia oficializou sua intenção de ingressar no BRICS, e o líder do país, Luis Arce, participará da próxima cúpula do bloco, que ocorrerá em Joanesburgo.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, destacou que a Bolívia também é um país em desenvolvimento.
"O desenvolvimento do mundo gerou as condições para que tenhamos hoje a possibilidade de construir uma nova ordem mundial. Obviamente, esta nova ordem mundial vai implicar o deslocamento da hegemonia de algum país, bem como a perda da capacidade de algumas potências, fundamentalmente europeias, de influenciar determinados territórios em outros continentes", assegurou Mayta à Sputnik.
O chanceler ainda destacou que o modelo econômico de desenvolvimento da Bolívia faz com que o país possa desenvolver suas próprias capacidades econômicas em diversas áreas, principalmente, na de extração de lítio.
A China e a Rússia, membros do bloco, recentemente intensificaram os investimentos para desenvolver os enormes recursos de lítio da Bolívia, incluindo três acordos com duas empresas chinesas e uma russa no valor total de US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 13,2 bilhões), assinados este ano.
Mayta ressaltou que o programa econômico promovido pelo governo compartilha valores e visões do bloco do BRICS.
"Nosso modelo é baseado na aspiração de alcançar a soberania, o que na realidade é a aspiração de todos os Estados", afirmou.
Segundo Mayta, a Bolívia compartilha com o bloco uma trajetória similar e "uma forma diversificada de pensar", diferentemente do "mundo capitalista desenvolvido", que "às vezes se esquecem de onde vieram".
"Refutamos uma ordem internacional em que prevaleça a hegemonia. Por isso, postulamos a prevalência da multipolaridade [...]. Defendemos a dignidade do multilateralismo, como um cenário internacional em que os países possam se reunir em igualdade de perspectivas relativamente a cada povo, a cada nação, a cada Estado, a cada Governo, sem que uns tentem subjugar os outros, para além dos belos discursos do neocolonialismo que nos designam eufemisticamente como 'áreas de influência'", declarou Mayta.
O chanceler boliviano também alertou que "as coisas estão se compondo da maneira que sempre deveriam estar", e que é "inegável, e não se pode tapar o sol com a peneira, ou seja, as grandes potências econômicas como a China, Índia, África do Sul, Brasil e Rússia atingiram um alto nível de desenvolvimento tecnológico".
A 15ª cúpula do BRICS está marcada para os dias 22 e 24 de agosto em um centro de convenções em Joanesburgo. Um dos temas prioritários do evento, é a criação de uma moeda própria do grupo.
No momento, o grupo BRICS reúne cinco países influentes de três continentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Porém, cada vez mais Estados manifestam seu desejo de aderir ao bloco.
Em 2022, Irã e Argentina enviaram solicitações oficiais de adesão ao BRICS. Mais tarde, tal desejo foi expresso pela Argélia e Egito (na África), pela Turquia, Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos (no Oriente Médio) e pela Indonésia, um dos principais países do Sul Asiático.