O depoimento de Anderson Torres era um dos mais esperados na CPI, não só pelo cargo que ocupava na época – Secretário de Segurança Pública do DF –, mas também por todo o percurso anterior, quando ainda era ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Torres disse que "sempre atuou de forma técnica" e "sempre se pautou na verdade" em seus depoimentos.
"Sempre atuei de forma técnica e legalista. Quero dizer aos senhores e às senhoras membros desta CPI que estou aqui com espírito cooperativo. Tanto quanto os senhores, tenho todo interesse em esclarecer os lamentáveis fatos do dia 8 de janeiro. Em todos os depoimentos que prestei, sempre me pautei na verdade e me coloquei à disposição das autoridades para cooperar naquilo que estivesse a meu alcance para elucidação dos fatos", afirmou o ex-ministro da Justiça segundo o G1.
Torres é ouvido como testemunha na CPI por ser suspeito de colaborar com o ocorrido ou se omitir no enfrentamento aos atos de terrorismo que danificaram as sedes dos três poderes em janeiro. No dia 8, Torres estava nos Estados Unidos afirmando que estava cumprindo férias, no entanto, as férias do ex-secretário estavam marcadas de 9 a 20 de janeiro.
O ex-ministro também disse no depoimento de hoje (8) que "nunca" questionou o resultado das eleições de 2022 e que foi o primeiro ministro a receber a equipe de transição do governo Lula.
Sobre a "minuta do golpe", documento encontrado em sua casa no qual elaborava um decreto de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitora (TSE) a fim de mudar o resultado das eleições de 2022, Torres classificou a minuta como "fantasiosa" e "aberração jurídica".
"[...] A polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta, que vai para coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos. Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro. Em razão da sobrecarga de trabalho eu normalmente levava pasta de documentos para casa. Os documentos importantes eram despachados e retornavam ao ministério, sendo os demais descartados. Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe. Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica [...]", disse Torres citado pelo O Globo.
Apesar da defesa de Torres afirmar que o ex-ministro não falaria à CPI caso o senador Flávio Bolsonaro estivesse presente para não interferir na decisão de Alexandre de Moraes, que proibiu contato entre os dois e Marcos do Val, Anderson começou a responder ao questionário da relatora Eliziane Gama, nesta terça-feira (8), pontua Lauro Jardim em O Globo.
Torres ficou preso por cerca de quatro meses, mas depois foi solto por ordem de Moraes, que impôs, no entanto, o uso de tornozeleira eletrônica.