Desde o começo da operação russa na Ucrânia países da União Europeia buscam se distanciar de Moscou e também de Pequim, uma vez que a China não adotou sanções contra a Rússia. A Alemanha é um dos países do bloco que mais busca esse distanciamento.
Junto a esse movimento estão ações de fato, como o pedido do governo de Olaf Scholz para que empresários alemães "pensem duas vezes" antes de negociar com companhias chinesas. Entretanto, por meio de acordos de licenciamento, as empresas chinesas podem obter permissão legal para usar a tecnologia alemã, ressalta a mídia.
"Há uma indicação clara de que as empresas chinesas estão procurando uma nova maneira de obter acesso à tecnologia alemã. […] As licenças de tecnologia são uma maneira de a China tentar entrar 'pela porta dos fundos'", disse à Reuters Juergen Matthes, chefe da Unidade de Pesquisa de Mercados Globais e Regionais do Instituto Econômico IW.
Um estudo conduzido pelo IW, analisando dados do Bundesbank, constatou que as receitas de licenças alemãs da China mais que triplicaram em 2022 em comparação a 2014. Em comparação a 2020, o aumento foi de cerca de metade.
A economia alemã ainda sofre com o rompimento dos laços com a Rússia, com Berlim lançando uma revisão de sua política para a China que busca evitar o excesso de confiança, ao mesmo tempo em que reconhece a importância do país como um mercado-chave para muitas empresas.
Como resultado, investimentos diretos e ofertas de aquisição de empresas chinesas atraíram o escrutínio em Berlim nos últimos meses. No ano passado, uma oferta da chinesa Cosco para investir em um terminal portuário de Hamburgo desencadeou uma crise política antes de ser aprovada com uma participação menor do que o inicialmente planejado.
Segundo a agência britânica, a maioria desses acordos é considerada sem problemas, mas em alguns casos, eles dão às empresas chinesas acesso a pesquisas sensíveis, por exemplo na indústria de semicondutores.