Panorama internacional

'Intervenção da CEDEAO no Níger pode colocar toda África em guerra', diz assessor de líder deposto

Nesta quarta-feira (9), Antinekar Al-Hassan, conselheiro político do ex-presidente nigerino Mohamed Bazoum, concedeu uma série de declarações à Sputnik e entre elas disse que é contra as sanções impostas contra o país devido a um recente golpe militar.
Sputnik
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) suspendeu toda a ajuda financeira ao Níger, congelou bens e impôs a proibição de voos comerciais de e para o país, bem como fechou todas as fronteiras em resposta ao golpe. A Nigéria, vizinha do sul do Níger, cortou o fornecimento de eletricidade ao país.

"Estas [sanções] são ilegais e ilegítimas. Somos contra as sanções. Não será a junta que vai sofrer, o povo do Níger vai sofrer", disse Al-Hassan à agência.

Já do lado europeu, a União Europeia informou que as sanções contra o Níger estão começando a entrar em vigor, causando escassez de alimentos e medicamentos, e que só assim "a junta pode enfraquecer".

"As sanções estão começando a fazer efeito. Não há medicamentos suficientes, não há comida suficiente. As quedas de energia são ainda mais frequentes do que antes. Se queremos que a junta [militar nigerina] enfraqueça, devemos continuar com as sanções", disse Emanuela Del Re, representante especial da União Europeia para o Sahel.

Ao mesmo tempo, Al-Hassan chamou atenção para o fato de que a intervenção da CEDEAO no país africano pode resultar em toda uma África em guerra.
"Acho que a CEDEAO não saberá o preço deste erro de intervenção militar no Níger, porque se eles intervirem militarmente, isso significa que toda a África estará em guerra", disse o conselheiro à Sputnik.
Panorama internacional
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Mais cedo no dia de hoje (9), os rebeldes do Níger alegaram que os militares franceses atacaram a Guarda Nacional e violaram o espaço aéreo do país, conforme noticiado.
Agora no final da tarde, Al-Hassan disse que os franceses se recusaram a deixar o país: "A junta exigiu a saída dos franceses, mas os franceses se recusaram a sair. Eles não vão deixar o país, este é um regime ilegítimo", afirmou.
De manhã, a chancelaria russa disse ser improvável que a intervenção dos militares da CEDEAO ajude a normalizar a situação no país.

"Apoiamos os esforços de mediação empreendidos pela comunidade africana para ajudar os nigerianos a superar a crise atual. Ao mesmo tempo, partimos do fato de que a intervenção de tropas da CEDEAO em um Estado soberano provavelmente não contribuirá tanto para o alcançar uma paz duradoura no Níger e a estabilização da situação na sub-região como um todo", disse Aleksei Zaitsev, vice-diretor do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Em 27 de julho, um grupo de militares anunciou o fim do governo do presidente Mohamed Bazoum. A afirmação deles se deu horas após o palácio presidencial ser cercado. Os militares justificaram a derrubada de Bazoum afirmando que durante seu governo a segurança ao redor do país piorou, assim como a economia e o bem-estar social.
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