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Lula critica 'neocolonialismo verde' e cobra países ricos: 'Não haverá sustentabilidade sem justiça'

Em seu discurso no encerramento da Cúpula da Amazônia, presidente criticou o que definiu como "neocolonialismo verde" por parte dos países ricos e lembrou que gastos militares ainda importam mais do que gastos com o meio ambiente.
Sputnik
Nesta quarta-feira (9), chegou ao fim a Cúpula da Amazônia, evento que aconteceu em Belém. Em suas declarações finais, Luiz Inácio Lula da Silva disse que "não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, a pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos regulatórios e políticas domésticas", afirmou o mandatário.
Em outro momento, Lula pediu a países ricos que se conscientizem de que são eles a principal causa do problema das mudanças climáticas.

"Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis ​​por mais de 75% da riqueza e emitem quase metade de todo o carbono que é jogado na atmosfera. Não haverá sustentabilidade sem justiça […] vamos à COP28 para dizer ao mundo rico que, se eles realmente querem preservar o que temos da selva, têm que colocar dinheiro", disse.

Ao mesmo tempo, Lula pontuou que não são nações como Brasil, Venezuela ou Colômbia que precisam do dinheiro, e sim, a natureza.
"Não é o Brasil que precisa de dinheiro, não é a Colômbia que precisa de dinheiro, não é a Venezuela. O desenvolvimento industrial ao longo de 200 anos poluiu e estamos precisando que paguem a sua parte agora para recompor a parte do que foi estragado. A natureza é que está precisando de financiamento", declarou.
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De acordo com o presidente, os países detentores de florestas tropicais "herdaram do passado colonial um modelo econômico predatório, baseado na exploração irracional dos recursos naturais, na escravidão e na exclusão sistemática das populações locais".

Lula também voltou a criticar os gastos militares, "que drenam recursos de que o mundo precisa para a promoção do desenvolvimento sustentável", e a cobrar os países ricos a destravar o fundo verde de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 459 bilhões) por ano, iniciativa conhecida como Fundo Global para o Meio Ambiente, que nunca saiu do papel.

O líder brasileiro citou o fundo afirmando que nele "países amazônicos dividem cadeiras, enquanto nações ricas têm assentos próprios".
"Sanar a falta de representatividade é elemento essencial de uma proposta abrangente e profunda de reforma da governança global que beneficie todos os países em desenvolvimento", disse.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante foto oficial da Cúpula da Amazônia no Hangar Centro de Convenções em Belém, 9 de agosto de 2023
A realização da Cúpula da Amazônia teve como organizador principal o Brasil, mas também contou com a atuação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
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