Cientistas da Universidade Estatal de Geodésia e Cartografia de Moscou (MIIGAiK, na sigla em russo) aplicarão a experiência adquirida com a criação do primeiro mapa do satélite de Saturno em rotação caótica Hyperion para estudar o movimento de icebergs na Terra e garantir a segurança da navegação na Rota do Mar do Norte, disse à Sputnik a reitora da universidade.
"A experiência acumulada na criação dos DEM [modelos de relevo digitais] no exemplo do Hyperion e seu mapeamento possibilitará a aplicação dos desenvolvimentos espaciais já disponíveis e o trabalho com objetos na Terra, em particular, ao estudar o movimento de icebergs", contou Nadezhda Kamynina.
"Sim, é claro, eles não se movem tão caoticamente quanto o Hyperion, mas o objetivo de seu estudo é semelhante – dificuldades em determinar os elementos de orientação e a necessidade de modelagem adicional de um objeto de formato irregular", explicou.
De acordo com ela, a imagem transmitida pela espaçonave passa por um longo processamento antes de se tornar parte do mapa. Ele inclui a fotocorreção, o cálculo dos elementos de orientação da imagem para criar uma rede de referência unificada e ligar todas as imagens umas às outras, e também sua equalização.
Em seguida, os cientistas definem a chamada superfície de relatividade geométrica (por exemplo, a Terra é um elipsoide e a Lua é uma esfera), com base na qual são criados modelos de relevo digitais e todas as projeções necessárias.
A acadêmica detalhou que o sétimo satélite do planeta gasoso tem rotação caótica e uma forma irregular, o que significa que em algumas fases como a obtenção de elementos de orientação, criação de uma rede de referência, definição e orientação da superfície geométrica de relatividade, e a escolha de uma projeção, os algoritmos padrão não funcionam. Para colmatar isso, a universidade inventou novos algoritmos.
"Esses desenvolvimentos espaciais inovadores são importantes para o trabalho de pesquisa de icebergs que está sendo realizado como parte do programa de desenvolvimento da Rota do Mar do Norte e do uso de dados geoespaciais para garantir a soberania tecnológica nessa área. A MIIGAiK já está realizando vários estudos sobre as regiões do Ártico", concluiu Kamynina.