A ministra da Defesa suíça, Viola Amherd, concordou com um inquérito externo depois que a empresa de defesa estatal RUAG tentou vender tanques a um intermediário alemão para que pudessem ser entregues à Ucrânia.
A investigação foi anunciada na noite de segunda-feira (21), horas depois de Amherd ter participado de uma audiência do Comité de Política de Segurança do parlamento suíço. Os legisladores solicitaram informações sobre o que Amherd sabia sobre o acordo proposto, que o governo suíço acabou por bloquear no mês passado para proteger a neutralidade do país.
O caso gira em torno de cerca de 96 tanques Leopard 1A5, que a RUAG comprou em 2016 e armazena na Itália. A empresa suíça procurou vendê-los ao fabricante alemão original, a Rheinmetall, para serem reformados e enviados para a Ucrânia. O acordo foi anunciado originalmente em fevereiro, mas o Conselho Federal concluiu no final de julho que os termos violariam a lei suíça e recusou-se a autorizar a transferência.
A investigação vai se concentrar no acordo abortado, bem como na gestão da RUAG, informou a mídia nacional. Alguns legisladores suíços sugeriram que o governo deveria ter um representante no conselho de administração da empresa para garantir uma melhor supervisão.
A CEO da RUAG, Brigitte Beck, deixou o cargo há duas semanas depois que o governo se recusou a aprovar o acordo, tendo ocupado o cargo por menos de um ano.
A empresa disse que uma investigação interna não encontrou nenhuma irregularidade por parte de Beck, mas acrescentou que a controvérsia exigia uma mudança na liderança. Também citou as críticas públicas da CEO à política de neutralidade da Suíça como tendo contribuído para a decisão.
Os blindados fariam parte da ajuda militar enviada à Ucrânia em preparação para a sua contraofensiva de verão (Hemisfério Norte) contra a Rússia. As tentativas de Kiev de romper as linhas defensivas russas até agora não tiveram sucesso, enquanto modestos ganhos territoriais tiveram um custo elevado, segundo Moscou e diversos meios de comunicação ocidentais.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, informou no final de julho que a Ucrânia tinha perdido dez tanques Leopard entre as mais de 2.000 peças de armamento pesado destruídas desde que a contraofensiva foi lançada no início de junho.