Cúpula do BRICS 2023

BRICS prova que mundo não se resume a conflito ucraniano e rivalidade EUA-China, diz Celso Amorim

Para o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, a provável expansão do BRICS revela que o Ocidente não pode mais ditar os rumos da geopolítica mundial. Saiba como foi a manhã das autoridades brasileiras na 15ª Cúpula do BRICS e como parlamentares sul-africanos recebem a agenda proposta pelo presidente Lula.
Sputnik
Nesta terça-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início à sua agenda na 15ª Cúpula do BRICS em reunião com autoridades do partido governista sul-africano Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) em Joanesburgo.
A reunião foi conduzida por Gwede Mantashe, secretário nacional do ANC, partido do atual presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que também preside as atividades do BRICS no ano de 2023.
O presidente está acompanhado dos ministros Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Fernando Haddad, da Fazenda, do embaixador brasileiro na África do Sul, Benedicto Fonseca, além do assessor especial para assuntos internacionais Celso Amorim.
Em breve conversa com os jornalistas, o veterano diplomata brasileiro comentou a adesão de novos países ao BRICS, que poderá ser concretizada na declaração final do grupo, a ser publicada nesta quinta-feira (24).
"O BRICS faz parte de uma nova organização de diálogo que não pode ser ignorada. [...] Eu acho que todo interesse que existe para a expansão dos BRICS demonstra que o grupo é uma nova força no mundo, que não pode mais ser visto como ditado pelo G7", disse Amorim aos jornalistas presentes em Joanesburgo.
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O assessor de Lula lembrou que essa realidade foi reconhecida inclusive por autoridades ocidentais, como o ex-presidente dos EUA Barack Obama, que reconheceu que organizações mais representativas, como o G20, haviam substituído o G7, conhecido como "clube dos países ricos".

"Temos uma tendência de retração, considerando a expansão de rivalidade EUA-China e a própria guerra da Ucrânia, mas essa reunião dos BRICS com esse grande interesse pela expansão entre os países em desenvolvimento demonstra que o mundo é mais complexo do que isso", concluiu Amorim.

A reunião contou com altas autoridades do ANC, incluindo o vice-presidente da República da África do Sul, Paul Mashatile, e o secretário-geral do partido, Fikile Mbalula.
"Queremos estreitar a nossa relação com as nossas contrapartes brasileiras. Lula tem uma posição privilegiada no Brasil para seguir com a luta contra o imperialismo [...] em particular do governo norte-americano, que continua desestabilizando países ao redor do globo", disse o secretário-geral do Partido Comunista Sul-Africano, Solly Mapaila, após a reunião.
Segundo o parlamentar sul-africano, o presidente Lula informou que a ex-presidente Dilma Rousseff foi inocentada de processos no STF, "após as forças imperialistas terem a retirado do poder, por se opor a programas voltados ao combate à pobreza".
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Após a reunião com líderes do ANC, o presidente Lula deve comparecer ao Diálogo do Fórum Empresarial do BRICS, que conta com uma delegação composta por cerca de 26 representantes brasileiros.
Além disso, o presidente Lula se reunirá com o ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, a portas fechadas, no início da tarde desta terça-feira (22). A Presidência da República informou que estuda cerca de 22 pedidos de reuniões bilaterais com Lula, feitos por chefes de Estado, governo e demais representantes presentes na África do Sul.
O presidente Lula participa da 15ª Cúpula do BRICS, em Joanesburgo, África do Sul. O brasileiro está acompanhado da presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Dilma Rousseff, dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Anielle Francisco da Silva (Igualdade Racial) e do assessor especial Celso Amorim. Após o término da Cúpula, no dia 24 de agosto, Lula deverá cumprir agenda oficial na capital de Angola, Luanda.
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