Um relatório elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apontou que grupos neonazistas e supremacistas participaram das movimentações contra os resultados das eleições de 2022.
Segundo a agência, células extremistas se infiltraram em grupos do Telegram que contestavam o resultado das urnas.
"Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas políticas ou manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral, observou-se aumento da interação e da visualização", diz o relatório.
O relatório aponta que o grupo agia disseminando suspeitas sobre fraude nas urnas e panfletos sobre luta anticomunismo. As conclusões do relatório foram divulgadas pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (30).
"Alguns grupos neonazistas demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros movimentos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", diz o documento.
Três grupos foram identificados no relatório: "Resistência Sulista 1 Divisão", "Sul Independente Milícia" e "Soldati Della Luce" (Soldados da Luz, em tradução livre). Segundo a Abin, os grupos também divulgavam conteúdos racistas, discutiam ataques a autoridades e incentivavam uma luta armada.
"Os mesmos [grupos neonazistas] repercutiram chamamentos para contestar a legitimidade dos resultados eleitorais ou buscaram aproveitar-se das narrativas de deslegitimação para avançar teses extremistas violentas ou para fomentar movimentos de insurreição armada", diz o relatório.