Panorama internacional

Mais que ajuda militar, Blinken levou mensagem de Washington para ser ouvida em Kiev, diz analista

EUA lutam para encontrar equilíbrio entre o apoio inabalável e as dúvidas iminentes com os progressos limitados da Ucrânia e recentes relatórios que ecoam preocupações de seus funcionários. A ida de uma autoridade do porte de Blinken em meio a contraofensiva e escândalos de corrupção também leva uma mensagem.
Sputnik
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitou Kiev de surpresa hoje (6) e anunciou US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) em novo financiamento dos EUA para a Ucrânia. Segundo Blinken, sua visita também quer mostrar o apoio à contraofensiva ucraniana e leva a garantia de que Washington trabalhará para que seu aliado tenha uma "forte dissuasão".
No entanto, para o oficial aposentado de inteligência da CIA e funcionário do Departamento de Estado, Larry Johnson, os tópicos mencionados não são o centro da visita de Blinken.
Segundo Johnson, o secretário é o portador de uma mensagem: "Blinken está a cumprir as instruções que lhe foram dadas para partilhar", disse Johnson em entrevista à Sputnik.
O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, encontra-se com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Kiev, Ucrânia, 6 de setembro de 2023
Em sua visão, o chefe da política externa de Biden provavelmente abordou a questão da corrupção no Exército ucraniano, uma vez que ainda estão a ser descobertos detalhes de suborno de funcionários e de compra excessiva de armas fornecidas à Ucrânia.
Liderando a condução de uma larga campanha mundial ao pedir patrocínio de armamentos para Ucrânia e um esquema de corrupção começa a ser revelado, é claro que tal fato vai impactar negativamente a campanha pró-armamento dos americanos para Kiev.
Talvez o secretário tenha ido "ver de perto" o que está acontecendo, além de comunicar aos ucranianos as percepções do governo Biden sobre o assunto.
"Infelizmente a corrupção na Ucrânia vai muito além de Zelensky. É endémica para o governo ucraniano, para os militares", afimou o ex-CIA.
No domingo (3), Zelensky demitiu seu ministro da Defesa, Aleksei Reznikov, cujo nome está associado a vários escândalos de grande escala.
"Há algo muito estranho em livrar-se do ministro da Defesa por 'corrupção'. Por que ele não foi preso? Bem, ele não foi preso. Eles estão falando em dar-lhe outro emprego. Então isso é teatro político. Acho que ele está removendo-o para que eles possam pelo menos ter um bode expiatório em potencial para apontar para esta contraofensiva fracassada. Mas se isso for realmente sobre corrupção, ele seria preso. Quero dizer, céus, eles prenderam [Igor] Kolomoisky ostensivamente por corrupção. E ele nem é um funcionário do governo", analisou Larry Johnson.
A contraofensiva parece ter minado seriamente o plano de Washington para a Ucrânia. O que é pior para o governo Biden é que a assistência financeira ou militar deles não consegue resolver a situação no terreno na atualidade, de acordo com Johnson.
"A única coisa que mudaria é que os Estados Unidos suspendessem e cortassem toda a assistência militar e financeira. Esta guerra terminaria em dois ou três dias, eu acho. Eles não seriam capazes de sustentar a luta. Caso contrário, não aconteceria. Não importa qual sistema de armas ou quanta ajuda os Estados Unidos forneçam, isso não vai mudar a situação no campo de batalha com a derrota da Ucrânia", afirmou.
Panorama internacional
Blinken visita Kiev, e Moscou comenta: 'EUA apoiam estado de guerra independentemente do custo'
Entretanto, o especialista também acredita que a administração Biden está um pouco perdida e a aproximação para começar a se movimentar para campanha eleitoral faz com que eles estejam buscando "o que fazer a seguir".
"Acho que isso é apenas um sinal do problema com o conjunto de políticas [americanas]. Eles estão tentando descobrir o que fazer a seguir porque a maioria do povo americano não apoia [a política atual]. Eles estão se preparando para as eleições do próximo ano […] então, você sabe, eu acho que quando você junta tudo isso, eles estão tentando descobrir o que fazer a seguir", complementou.
Comentar