"O temor é que essa expansão do Sul Global, que não representa algo geográfico, mas sim mais civilizacional e de princípios, seja realmente uma ameaça à dominação do Ocidente com relação ao restante do mundo. Até porque o BRICS não vai só ameaçar a dominação ocidental: em termos econômicos, pode ser uma dominação e uma fragmentação de princípios de segurança internacional. Por exemplo como a Rússia está fazendo, com o apoio da China no conflito ucraniano (que pode ser visto como um conflito de interesses entre o Ocidente e o Oriente)", avaliou ela em entrevista à Sputnik Brasil.
"O Brasil pode se beneficiar bastante porque pode colocar em pauta questões relevantes como reforma do Conselho de Segurança da ONU, combate à desigualdade, desenvolvimento sustentável, acordos entre Mercosul e União Europeia, mas especialmente mudanças climáticas. Também com relação a questões de segurança internacional que o Brasil normalmente coloca em suas pautas, dado que o país tem uma visão um pouco diferente, mais neutra, com relação à paz e segurança no cenário internacional, que é o princípio de não intervenção", indicou.
"Nessa liderança do Brasil no G20, o país deve trazer, até mesmo neste encontro, temas como a desigualdade, não só na área social, mas a desigualdade entre países. O presidente vai trazer questões relativas ao BRICS, à União Africana, e questões como fome, combate à pobreza. Uma agenda social de maneira geral, e menos assuntos econômicos", aposta. "Acredito que já exista essa expectativa com relação ao Brasil, até porque é uma agenda que beneficia não só o Sul Global, mas obviamente o Brasil. Questões como mudanças climáticas, que incluem a proteção da Amazônia, são temas que beneficiam bastante o Brasil, que está se esforçando neste momento para tentar colocar como um assunto de importância global."