Sergei Lavrov observou que, na 15ª Cúpula do BRICS na África do Sul, foi tomada a decisão de estudar como expandir a utilização de moedas nacionais nas operações de pagamento entre os Estados-membros do bloco. Nas suas palavras, os membros consideram a possibilidade de criar outros sistemas de pagamento porque neste momento "só existem plataformas controladas pelo Ocidente".
"Com a China, por exemplo, temos operações financeiras, 70% ou 80% delas são em rublos e yuans [...]. Agora, quando a comunidade mundial vê o que está acontecendo com o SWIFT, com a forma como o Ocidente e como os EUA o utilizam como instrumento próprio, entendem que tem de haver uma alternativa", afirmou o ministro.
O chanceler acrescentou que Luiz Inácio Lula da Silva propôs um mecanismo semelhante no âmbito da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na América do Sul.
Quanto à desdolarização, Lavrov indicou que há algum progresso. Por exemplo, ele destacou que com a Índia "nossos exportadores têm muitas e enormes quantias de rúpias em suas contas em bancos indianos, e estamos agora estudando possíveis formas de investi-las de uma forma mutuamente benéfica".
Relativamente aos contatos bilaterais fora da cúpula do G20, o ministro afirmou não ter mantido nenhum contato com os membros da delegação dos EUA porque "todos entendem o que os americanos querem da Rússia".
"Eles querem se livrar de um concorrente. Eles querem nos derrotar estrategicamente, como dizem. Se eles tivessem algo novo em mente, gostariam de nos contar", disse Lavrov.
O SWIFT é o sistema interbancário internacional de transmissão e pagamento ao qual estão conectadas mais de 11.000 grandes instituições em quase todos os países.
Muitos países condenaram a operação militar especial que a Rússia lançou em 24 de fevereiro de 2022 e ativaram diversas baterias de sanções individuais e setoriais. Por exemplo, as restrições incluíram a desconexão parcial da Rússia do sistema SWIFT, a fim de privar o Kremlin de recursos financeiros, uma vez que os acordos para as exportações russas são dificultados.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, indicou que as sanções contra o país prejudicam aqueles que mais as impõem. Ele sublinhou que a continuação das políticas de sanções por parte do Ocidente poderia ter consequências catastróficas para o mercado energético global.