O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou a adoção da declaração de Nova Deli da Cúpula do G20. No contexto dos acontecimentos na Ucrânia, o documento afirma que todos os países devem se abster da ameaça ou do uso da força para adquirir território.
De acordo com o Global Times (GT), o documento final não critica explicitamente nem condena diretamente nenhum país pela crise ucraniana, o que o diferencia da declaração de 2022.
"A influência dos países em desenvolvimento e das economias não ocidentais neste mecanismo multilateral está crescendo, à medida que conseguem permanecer neutros como a posição comum do G20, impedindo que as narrativas e posições ocidentais capturem e controlem completamente o mecanismo", acredita o professor da Universidade de Relações Exteriores da China, em Pequim, Li Haidong.
O GT cita especialistas que afirmam que a declaração do ano passado continha palavras duras que o Ocidente queria incluir, mas os fatos mostraram que tal retórica não contribuiu em nada para uma solução política para a crise ucraniana.
"Devido à política irrealista e egoísta em relação à crise, os esforços de paz enfrentam dificuldades e o derramamento de sangue e o conflito na Ucrânia estão longe de terminar", diz o especialista.
Quanto aos políticos europeus, o eurodeputado holandês Marcel de Graaf na rede social X (anteriormente Twitter) declarou que a Rússia realmente ganhou o conflito com os Estados Unidos e a OTAN, enquanto a União Europeia (UE) já perdeu em muitos aspectos.
"O resultado da Cúpula do G20 na Índia fala por si, o Ocidente perdeu a capacidade de forçar o resto do mundo a se submeter", concluiu o político.
No entanto, os EUA não acreditam que os países do G20 tenham suavizado a sua posição sobre o conflito na Ucrânia em sua declaração, enfatizou a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen. O Financial Times (FT) escreveu que a declaração da cúpula na Índia foi um golpe para os países ocidentais devido à falta de consenso global sobre o apoio à Ucrânia.
É preciso notar que foram necessárias quase 200 horas de "conversas ininterruptas" para chegar ao acordo sobre a declaração, afirmou o sherpa indiano do grupo, Amitabh Kant. Por sua vez, a sherpa russa do G20, Svetlana Lukash, declarou que a cúpula de Nova Deli foi uma das mais difíceis para o G20 nos quase 15 anos de história do fórum.
"[Houve] cerca de 200 horas de negociações contínuas [...]. O ponto [sobre a Ucrânia adotado durante a última reunião do G20 em] Bali 'quebrou' e lutamos durante nove meses", observou.
Durante a presidência indiana do G20, os ministros do grupo nunca conseguiram chegar a acordo sobre declarações conjuntas. Todas as reuniões ministeriais foram concluídas com a assinatura de um Documento de resumo e resultados do presidente. O referido documento é adotado caso não haja consenso sobre um ou mais pontos. O obstáculo então foi a inclusão de um parágrafo sobre a Ucrânia no texto das declarações, ao qual a Rússia e a China se opuseram. Esperava-se também que o parágrafo sobre a Ucrânia impedisse os líderes do G20 de chegarem a acordo sobre o texto da declaração de Nova Deli.