Mianmar isolada tem tentado reconstruir seus laços com o mundo, e o sucesso da operação também coloca Pequim em uma posição positiva ao mostrar a capacidade da China de contribuir para as medidas de segurança na região.
Mais de 1.200 suspeitos de fraude foram entregues ao governo chinês desde o norte de Mianmar na sexta-feira (15). A transferência ocorre após a prisão de 269 suspeitos de fraude cibernética em Mianmar, em uma operação que destruiu 11 bases que operavam na região norte, que é amplamente controlada por grupos étnicos armados.
Os resultados das operações mostraram que a China e Mianmar pareciam estar colaborando bem, afirmou o professor associado de negócios internacionais da Universidade Curtin Htwe Htwe Thein, citado pelo jornal South China Morning Post.
"Isso sugere uma relação cada vez mais forte e próxima entre a China e o regime militar de Mianmar", disse Thein, cuja pesquisa se concentra no conturbado país, que está em crise política desde um golpe em 2021.
"Agora, tendo em conta os poucos amigos que os militares de Mianmar têm, esta é uma oportunidade para reforçar esses laços e uma pequena hipótese de melhorar sua posição na região", acrescentou ele.
Os distúrbios ocorridos desde que os militares tomaram o poder deixaram Mianmar em grande parte isolada, com a maioria dos países da região – incluindo os países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) – condenando a escalada de violência.
Neste mês, a ASEAN proibiu os enviados políticos de Mianmar de participarem na sua cúpula, o que está de acordo com o sentimento geral da associação contra o governo militar de Mianmar.
A China tem procurado manter relações amistosas com Mianmar, e observadores especularam anteriormente que uma visita do ex-ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, em maio, sinalizou um aquecimento das relações entre Pequim e o regime militar.
A cooperação com o governo de Mianmar foi crucial para o sucesso da repressão ao crime cibernético da China, afirmou o professor assistente da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam Benjamin Ho.
"Mianmar tem poucos amigos na arena internacional, portanto, tem pouca escolha senão contar com a China", disse Benjamin Ho, acrescentando que isso é especialmente verdadeiro porque os dois países têm "interesses estratégicos compartilhados por serem antiocidentais".