Durante seu discurso no G77+China que acontece hoje (16) na capital cubana, Havana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "ilegal" o embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba, segundo o jornal O Globo.
"É de especial significado que, neste momento de grandes transformações geopolíticas, esta cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo", disse Lula citado pelo jornal O Globo.
A oposição ao embargo econômico é histórica na diplomacia brasileira com o objetivo de reiterar que o país não concorda com sanções unilaterais, relembra a mídia.
O presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva durante discurso na Cúpula do G77+China no Palácio de Convenções em Havana, em 16 de setembro de 2023
© AFP 2023 / Yamil Lage
O mandatário ainda voltou a cobrar os países ricos pela "dívida histórica" com o aquecimento global e requeriu o financiamento climático aos países em desenvolvimento.
"Temos que aproveitar o patrimônio genético da nossa biodiversidade com repartição justa dos benefícios resguardando a propriedade intelectual sobre nossos recursos e conhecimentos tradicionais. Vamos promover a industrialização sustentável, investir em energias renováveis na bioeconomia e na agricultura de baixo carbono. Faremos isso sem esquecer que não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global", afirmou.
Lula também falou sobre a emergência climática e declarou que as mudanças impõem "novos imperativos", mas uma "transição justa traz oportunidades".
Em um outro momento do discurso, o presidente disse que o G77 foi "fundamental para expor as anomalias do comércio global" e para "defender a construção de uma Nova Ordem Econômica Internacional". No entanto, lamentou que "muitas das nossas demandas nunca foram atendidas".
Ele também criticou a governança mundial da ONU, do sistema Bretton Woods e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
"A governança mundial segue assimétrica. A ONU, o sistema Bretton Woods e a OMC estão perdendo credibilidade. Não podemos nos dividir. Devemos forjar uma visão comum que leve em consideração as preocupações dos países de renda baixa e média e de outros grupos mais vulneráveis."
Neste sábado (16) em Havana, Lula também terá uma reunião bilateral com o presidente, Miguel Díaz-Canel.
O país caribenho passa por grave desabastecimento de itens básicos, como alimentos, remédios e energia. Porém, como deve US$ 538 milhões (R$ 2,6 bilhões) ao Brasil, está impedido de receber recursos de instituições como o BNDES e esse assunto estará na mesa, segundo a mídia.
Ontem (15), o governo cubano disse que não tem como pagar a dívida e propôs o uso de moedas alternativas ao dólar ou recebíveis de commodities cubanas, conforme noticiado.