Panorama internacional

Austrália não ganha nada com a AUKUS e 'vende sua alma aos EUA', diz especialista

Um acadêmico avaliou as consequências da participação da Austrália da aliança AUKUS, destacando em particular os perigos da proliferação nuclear e da deterioração das relações com a China, seu principal parceiro comercial.
Sputnik
O governo da Austrália, juntamente com o dos EUA e do Reino Unido, declarou desde a formação da aliança militar AUKUS em 2021 que ela tinha como objetivo a construção de uma frota de submarinos movidos a energia nuclear (e não de armas nucleares), além da respetiva infraestrutura, disse Victor Gao, professor da Universidade Soochow, na China, e vice-presidente do Centro para a China e a Globalização.
No entanto, o pacto AUKUS prevê também uma ampla cooperação no desenvolvimento de sistemas de armas mais avançados, no equipamento das Forças Armadas da Austrália com armamentos dos EUA, e na introdução de padrões para operações de combate.
Gao destaca que a linha que separa os submarinos movidos a energia nuclear das armas nucleares é bastante tênue, pois a operação dos primeiros envolve o manuseio de urânio altamente enriquecido que seria fornecido pelos EUA ou pelo Reino Unido, o que quebraria a "bolha de zona livre de armas nucleares" australiana.
"Isso ameaça os interesses fundamentais do povo australiano e pode levar a uma corrida armamentista e ansiedade em toda a região da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático]", explicou o especialista chinês, acrescentando que quando houver um conflito em qualquer lugar do mundo, se os EUA estiverem envolvidos, a Austrália será obrigada a participar.
Outro risco indicado é que o tratado da AUKUS, aprovado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pode estabelecer um precedente perigoso, que permitiria que outros países seguissem o exemplo e construíssem uma frota nuclear, o que desestabilizaria ainda mais a situação internacional.
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Victor Gao criticou igualmente a tentativa de combater a China, apesar de Pequim ser o maior parceiro comercial da Austrália, e apelou ao reconhecimento da tendência global predominante, especialmente na região da Ásia-Pacífico, que coloca o foco na paz, na estabilidade e no desenvolvimento, em vez da guerra e da corrida armamentista.
"A China não quer entrar em guerra com ninguém", comenta o especialista.
"Ao aderir à AUKUS, a Austrália vende sua alma aos EUA [...] Ao criar a ilusão de agressão iminente e de invasão por alguma força invisível, Washington e Londres querem conduzir o país por essa direção perigosa. A única coisa surpreendente é que Camberra aceita essas ilusões e esse belicismo", conclui.
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