De acordo com O Globo, em 2022, Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar de seu governo para discutir detalhes de uma minuta que abriria possibilidade para uma intervenção militar no país. A ideia por trás do plano de golpe era impedir a troca de governo no Brasil.
Interlocutores da base do governo afirmam que os militares receberam a notícia de hoje (21) como uma bomba, uma vez que, no Brasil, conspirar contra o Estado Democrático de Direito é considerado crime. A notícia mancha a reputação das armas mais uma vez ao atrelar as Forças Armadas em uma suposta aventura golpista de Bolsonaro e seus aliados políticos — alguns deles ainda com apego à farda uma vez que estavam na reserva, mas haviam sido generais de alta patente.
Ainda segundo a apuração, Cid relatou que ele próprio foi um dos participantes de uma reunião onde uma minuta de golpe foi debatida entre os presentes, entretanto, chama a atenção que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento dele se ele o fizesse, ao contrário do Exército, que teria se recusado a participar.
Ao envolver membros da cúpula das Forças Armadas, Mauro Cid provocou um alvoroço que levou o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, a comentar o caso publicamente.
"Olha, só uma coisa eu tenho absolutamente certeza cristalina, é que o golpe não interessou, não interessou em momento nenhum as Forças Armadas. São atitudes isoladas de componentes das forças, mas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, nós devemos a eles a manutenção da nossa democracia", declarou o ministro.
A Polícia Federal (PF) tem tratado a delação de Cid com cautela e sigilo para que as informações reveladas por ele sirvam como ponto de partida para as investigações.
A defesa de Cid disse à Globonews, em nota, que não comentaria o caso pois não tiveram acesso ao depoimento em questão.