A Hungria não vê obstáculos em continuar utilizando combustível nuclear russo para alimentar a usina nuclear de Paks, informou o vice-ministro do Comércio Exterior e Negócios Estrangeiros da Hungria, Levente Magyar.
"Nessa questão muito delicada [da energia nuclear], os principais pontos nos quais prestamos atenção são a segurança e o fornecimento constante e confiável. Diante disso, não vemos, agora, nenhum obstáculo em continuar utilizando o combustível nuclear russo", disse Magyar, em coletiva de imprensa.
Localizada a cerca de 100 quilômetros da capital, Budapeste, na cidade de Paks, a usina é responsável por quase metade de toda a energia gerada na Hungria, e seus quatro reatores são movidos com o combustível nuclear russo.
No início deste mês, a mídia húngara veiculou boatos de que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, havia anunciado em um evento privado planos para substituir o combustível nuclear russo utilizado na usina de Paks pelo combustível francês, como forma de reduzir a dependência energética da Rússia.
Poucos dias após os boatos serem veiculados, o ministro da Energia húngaro, Csaba Lantos, e o CEO da empresa francesa de reatores nucleares Framatome, Bernard Fontana, assinaram um documento estabelecendo o aprofundamento da cooperação internacional, firmada em um acordo assinado em 2021.
Contudo, na mesma época o gabinete de Órban destacou que o único combustível nuclear possível para alimentar a usina nuclear de Paks era o russo.
O gabinete ressaltou que a francesa Framatome não produz combustível nuclear adequado às centrais construídas com a tecnologia russa.
No final de 2014, Rússia e Hungria assinaram acordos para a construção de duas novas unidades geradoras de energia na central nuclear de Paks, com reatores desenvolvidos com tecnologia russa, que atendem aos mais modernos padrões de confiabilidade e segurança.
A Rússia concederá à Hungria um empréstimo de até 10 bilhões de euros (cerca de R$ 52 bilhões de reais) para o projeto Paks-2, enquanto o custo total dos trabalhos será de 12,5 bilhões de euros (cerca de R$ 65 bilhões de reais).