A contraofensiva ucraniana iniciada em junho falhou e expôs que a estratégia do Ocidente para tentar levar o regime de Kiev a uma vitória sobre a Rússia não está funcionando. É o que disse um texto de capa publicado nesta sexta-feira (22) pela revista britânica The Economist.
A análise destaca que, mesmo recebendo numerosas remessas de armas e cifras bilionárias do Ocidente, a contraofensiva ucraniana conseguiu avançar em menos de 0,25% do território pretendido e que a linha de combate quase não foi alterada. Segundo o texto, com base nas evidências, seria um erro apostar em algum avanço nas próximas semanas.
O artigo aponta que tanto a Ucrânia quanto seus aliados ocidentais começaram a perceber que o conflito será longo e desgastante.
"O presidente Vladimir Zelensky visitou Washington esta semana para negociações. 'Tenho que estar pronto para uma longa guerra', disse ele. Mas, infelizmente, a Ucrânia ainda não está preparada; nem os seus aliados ocidentais", diz a publicação.
O texto chama a atenção para as baixas sofridas pelas Forças Armadas da Ucrânia, afirmando que "os soldados ucranianos estão exaustos; e muitos dos seus melhores foram mortos". "Apesar do recrutamento, falta mão de obra para sustentar uma contraofensiva permanente em grande escala", diz o artigo.
A publicação destaca as recentes tentativas de ataque ucranianas com uso de drones contra o território da Crimeia, e diz que embora Kiev tenha experiência em tecnologia, não se deve esperar um nocaute. Em seguida, o artigo destaca os problemas econômicos enfrentados pela Ucrânia.
"A economia encolheu um terço, e quase metade do orçamento da Ucrânia é pago com dinheiro ocidental. [...] Com cerca de 1 milhão de pessoas portando armas e milhões de pessoas fugindo do país, os trabalhadores são escassos."
O artigo finaliza destacando que a situação pode piorar caso Donald Trump vença as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos.
Isso porque ele pode reduzir a assistência militar envida por Washington a Kiev. Diante disso, o texto afirma que a União Europeia (UE) poderia contornar essa situação acolhendo a Ucrânia entre seus membros, mas isso será difícil, já que a Europa está carregando o fardo maior do conflito ucraniano.