De acordo com a Bloomberg, a nova e mais dura abordagem da UE à China está sendo moldada pelas preocupações francesas de que as práticas comerciais de Pequim começaram a representar uma ameaça crítica às suas principais indústrias.
A UE tem trabalhado na direção da viabilização da implementação de tecnologias verdes e Paris desempenhou um papel fundamental na condução desta mudança política. Mas, segundo fontes ouvidas pela mídia, a inação colocaria a economia do bloco em uma trajetória danosa a longo prazo.
A preocupação do bloco é de que a indústria automobilística chinesa promova um desastre nacional como na ocasião da indústria solar, há dez anos, dado ao tamanho da competitividade da China. Para uma das fontes ouvidas pela mídia, a UE enfrenta uma escolha binária: ou afirma o seu poder ou se submete à China.
A relação comercial da Europa com a China, na casa dos US$ 900 bilhões (cerca de R$ 4,4 trilhões) por ano, em meio a guerra comercial entre Pequim e Washington, tenta estabelecer condições de concorrência equitativas entre os maiores blocos econômicos do mundo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, tenta estabelecer entre os seus parceiros da UE uma força de equilíbrio entre as duas superpotências econômicas mundiais assumindo uma postura mais dura nas negociações com Pequim. Na busca por esse equilíbrio, Paris e seus aliados conseguiriam firmar relações especiais com outros potenciais aliados, como a Índia.
O vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, expressou "forte preocupação e insatisfação" na segunda-feira (25) ao principal negociador comercial da UE, Valdis Dombrovskis, sobre a investigação antissubsídios do bloco sobre veículos elétricos chineses que teriam potencial para geração de tarifas e levanta a perspectiva de uma mudança radical na formulação de políticas europeias que deixaria de lado os princípios do comércio livre e dos mercados abertos.
Enquanto a Alemanha se distancia da liderança política do bloco, outros líderes incluindo a França e a Comissão Europeia, passaram a disputar por sua influência, de acordo com Mujtaba Rahman, chefe de investigação sobre a Europa no Eurasia Group. Macron também promoveu sua influência política no bloco em função do plano do presidente dos EUA, Joe Biden, na concessão de subsídios massivos ao abrigo da Lei de Redução da Inflação para impulsionar a indústria local na transição climática.
"O grande alerta foi a Lei de Redução de Inflação, que reformulou completamente o debate e deu à França muito mais poder para dizer que os norte-americanos estão, em última análise, implementando uma economia gerida de forma muito mais ativa e que há um papel muito maior para a política industrial", disse Rahman à Bloomberg.
O contexto delicado das relações com China pode pôr à prova os laços econômicos do bloco europeu com o gigante asiático em um momento em que o preço da energia e os custos de produção — ainda em recuperação pós-COVID-19 — impactam as economias mundiais ampliando os juros e os índices inflacionários e reduzindo o crédito. Logo, o vigor da indústria chinesa preocupa a UE, uma vez que seus resultados econômicos têm preocupado economistas.