Moradores da cidade alemã de Grossenhain, na Saxônia, protestaram contra a construção de uma fábrica para produção de munições para abastecer a Ucrânia. É o que diz um artigo publicado nesta terça-feira (3) pelo jornal The New York Times.
"Os moradores da cidade escolhida [para a construção da fábrica] de Grossenhain, com uma população de cerca de 20 mil pessoas, tinham uma opinião diferente sobre este assunto. Dezesseis dos vinte e dois vereadores assinaram uma carta ao chanceler alemão, Olaf Scholz, pedindo que bloqueasse o projeto. Alguns moradores temiam que a usina irritasse o presidente russo, Vladimir Putin", diz a publicação.
O texto destaca que a fábrica de munições seria construída pela Rheinmetall, a principal fabricante de armas e equipamentos militares da Alemanha. O objetivo da empresa era satisfazer o aumento da demanda da Ucrânia.
Segundo o texto, a resistência à fábrica em Grossenhain sinaliza que os alemães estão preocupados com os compromissos assumidos pelo país para armar a Ucrânia.
"Muitos alemães ainda têm uma profunda aversão à guerra e aos gastos com defesa na Alemanha, e o seu passado nazi os torna relutantes em investir na esfera militar. A visão de Berlim é uma coisa, as realidades políticas no terreno são outra", destaca o artigo.
Citado pelo artigo, Sebastian Fischer, membro da Assembleia Legislativa da Saxônia, explicou que os alemães, especialmente os residentes da antiga Alemanha Oriental, querem viver em paz com a Rússia, e é bastante difícil para eles entender por que a Alemanha deveria defender a Ucrânia.
Grossenhain não é a única cidade da Alemanha com moradores críticos ao apoio à Ucrânia. Nesta terça-feira, cerca de 4 mil moradores da capital, Berlim, foram às ruas pedir a renúncia de Scholz. Os manifestantes protestaram contra a política econômica do primeiro-ministro, e pediram uma resolução diplomática para o conflito ucraniano e a retomada da cooperação com a Rússia.