Em
um discurso na Casa Branca, o presidente disse que Kiev pode contar com o apoio sem precedentes dos Estados Unidos: "Não podemos, em circunstância alguma, permitir que o apoio americano à Ucrânia seja interrompido", afirmou.
Já nesta terça-feira (3), Biden promoveu uma ligação entre líderes da União Europeia, do G7, da OTAN e da organização Bucareste 9 "para coordenar o atual apoio à Ucrânia entre parceiros e aliados", segundo a Casa Branca.
Mas por que a ajuda militar à Ucrânia se tornou sagrada para o establishment dos EUA e até quando eles serão capazes de mantê-la?
Para o ex-analista sênior de Política de Segurança do gabinete do secretário de Defesa dos EUA, Michael Maloof, o apoio incasável de Washington a Kiev "é uma invenção da imaginação de Joe Biden e Victoria Nuland".
A oposição republicana para ajuda à Ucrânia parece estar ganhando força em Washington. Na quinta-feira (28), cerca de metade dos republicanos da Câmara votaram pela exclusão de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) para a Kiev do projeto de lei de gastos do Pentágono.
Embora o dinheiro tenha sido posteriormente aprovado em uma proposta separada, a tendência suscitou preocupações no governo Biden. No sábado (30), o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, não incluiu os US$ 6 bilhões (R$ 30 bilhões) para Kiev no projeto de lei mencionado anteriormente.
Maloof explicou que "não houve financiamento para Kiev nesta última resolução [...] simplesmente porque o Congresso, que inclui a Câmara dos Representantes e o Senado, não conseguiu chegar a acordo sobre um pacote [...]. O orçamento
resolveu aumentar o financiamento para crises internas que temos aqui em termos de inundações e incêndios que tivemos recentemente no Havaí, por exemplo", afirmou o ex-analista.
"Portanto, tornou-se, na verdade, um pacote 'América Primeiro'. E em vez de defender as fronteiras da Ucrânia, a ideia era tentar defender as nossas próprias fronteiras, no entanto, este pacote também não incluiu financiamento adicional para a Patrulha de Fronteira [USBP] também. [...] Isso foi apenas para manter o governo aberto, para pagar suas contas por enquanto e para manter as agências funcionando", disse.
Para Maloof está claro que "o
dinheiro do Pentágono para Kiev pode acabar muito em breve, dada a forma como os ucranianos estão a queimar toda esta munição". Nestas circunstâncias, não se sabe como o governo dos EUA planeja garantir ajuda contínua à Ucrânia, observou ele.
"Se não houver financiamento, a menos que o presidente tome medidas realmente drásticas e queira basicamente declarar lei marcial aqui nos Estados Unidos, isso simplesmente não vai acontecer. Se o Congresso não aprovar financiamento adicional, isso não vai acontecer."
Tanto os americanos como os europeus parecem estar cansados da guerra por procuração de Washington na Ucrânia, segundo o antigo analista do Pentágono.
No final de semana, as eleições parlamentares eslovacas resultaram na vitória do ex-primeiro-ministro Robert Fico, que tinha prometido suspender a ajuda militar de Bratislava a Kiev.
"Até os europeus estão fartos. Agora mesmo vemos refletido isso nas eleições eslovacas que acabaram de ser realizadas.
A Eslováquia, que é membro da OTAN, decidiu que não vai continuar envolvida na ajuda à Ucrânia. Então, isso é bastante significativo. Portanto, estamos começando a ver o apoio europeu esgotar, e
poderá se tornar ainda maior com o passar dos meses, especialmente à medida que se entra no que agora se projeta ser um inverno muito frio", analisou.
Na visão de Maloof, "as pessoas estão realmente acordando para essa realidade" e não só "as pessoas" como também o presidente Vladimir Zelensky.
"Acho que Zelensky não tem nada a mostrar por sua aposta. Foi uma aposta. E ele acreditou em Joe Biden. Se ele tivesse conversado com qualquer um de nós por cinco minutos, nós o teríamos desencorajado de acreditar naquele cara", complementou.