Panorama internacional

França bloqueia compra de 2 fornecedores nucleares pelos EUA para proteger sua indústria militar

Empresas que estavam em negociação são consideradas críticas para as indústrias nucleares civis e militares da França, e a recusa em vender unidades dessas companhias faz parte da política de Macron para proteger indústrias-chave de aquisições estrangeiras.
Sputnik
A França bloqueou a compra de unidades francesas da empresa Velan pela americana Flowserve, sediada no Texas. A Velan – uma das maiores fabricantes de válvulas industriais de aço do mundo – é canadense, e o bloqueio feito por Paris, em nome da sua própria autonomia estratégica, prejudicou efetivamente a compra no valor de US$ 247 milhões (R$ 1,2 bilhão).
Após meses de deliberações, a França decidiu opor-se à compra não só da Velan como da Segault, ambas pela Flowserve, devido à importância estratégica das empresas para as indústrias nuclear e de defesa francesa, disse um funcionário do Ministério das Finanças francês à Bloomberg.
Na noite de ontem (5), a administração da Velan disse que a Flowserve estava encerrando o pacto de fusão à luz da recusa francesa.
A Segault fabrica válvulas que respondem a situações extremas de uso nos setores nuclear, petroquímico e de bancada de testes aeronáuticos. A empresa também é um fornecedor importante da fabricante estatal francesa de submarinos de propulsão nuclear Naval Group e forneceu equipamentos para o porta-aviões Charles de Gaulle.
A Velan, que gera cerca de 25% das suas receitas em França, produz tecnologias fundamentais para a manutenção dos equipamentos da Electricite de France.
Panorama internacional
França pretende bloquear compra de peças de reposição para reatores nucleares por EUA, segundo mídia
Emmanuel Macron decretou a energia nuclear como uma prioridade para o futuro da França, especialmente à luz da sua ambição de reduzir as emissões.
Os bloqueios realçam sua determinação em proteger indústrias-chave de aquisições estrangeiras, mesmo por parte de empresas norte-americanas, especialmente quando se trata da geração de energia nuclear, relata a Bloomberg.
Um funcionário do Ministério das Finanças francês disse que não esperava que a decisão impactasse o relacionamento EUA-França e que a Flowserve era sempre bem-vinda à França para outros negócios.
Panorama internacional
França diz que UE deve 'parar de ajudar' China e fábricas dos EUA: 'É preciso mudar dogma europeu'
Segundo a mídia, Macron não tem medo de intervir em aquisições estrangeiras. Seu governo atrapalhou uma fusão entre as montadoras francesas e italianas Renault e Fiat em 2019, e a aquisição da rede de supermercados francesa Carrefour pela canadense Alimentation Couche-Tard.
O presidente tem vindo a alargar o âmbito das indústrias que a França considera estratégicas e reduziu o limiar para desencadear uma revisão do governo no caso de uma aquisição estrangeira, um sistema semelhante ao Comitê de Investimentos Estrangeiros dos EUA (CFIUS, na sigla em inglês). Na França, esses setores incluem tecnologia nuclear, os semicondutores e a segurança alimentar.
Comentar