Uma nova ordem mundial deve se estruturar em uma base sólida, especificamente nos princípios da Carta da ONU, uma vez que a maioria dos países pretende existir em condições de multipolaridade, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nesta terça-feira (10).
"Existe uma base para a construção de um novo mundo, e ela é sólida — esta é a Carta das Nações Unidas. O principal agora é evitar a sua destruição como resultado de malabarismos seletivos oportunistas de princípios estatutários, para conseguir a sua implementação na sua totalidade e interconexão com todos os países", disse Lavrov em seu artigo.
Apenas se o direito internacional for observado, "a humanidade terá a oportunidade de superar o legado prejudicial da era unipolar", afirmou o ministro, acrescentando que os preparativos para a Cúpula do Futuro da ONU, planejada para 2024, mostrariam como todos estavam na busca pela concretização da sua responsabilidade própria e coletiva pelo destino deste mundo.
O principal diplomata russo disse ainda que a responsabilidade pela atual crise nas relações internacionais cabe às potências ocidentais, que prosseguem uma política "agressiva e egoísta".
"É necessário garantir que o espírito de multipolaridade consagrado na Carta das Nações Unidas seja concretizado. Um número crescente de países da maioria global procura reforçar a sua soberania e defender os interesses, tradições, cultura e modo de vida nacionais. Eles não querem viver sob o comando de qualquer um, querem ser amigos e negociar entre si e com o resto do mundo apenas em condições de igualdade e para benefício mútuo, no âmbito de uma arquitetura multipolar objetivamente emergente", disse Lavrov.
Lavrov criticou o Ocidente liderado pelos EUA por "impor-se arbitrariamente como senhor do destino da humanidade", ignorando ao mesmo tempo o legado dos "países fundadores da ONU". Ele acrescentou ainda que os países ocidentais utilizam a Carta das Nações Unidas de forma aleatória e apenas quando esta serve os seus interesses geopolíticos.
A ampliação do BRICS, a influência crescente de várias organizações regionais e a possível reforma da ONU apoiada por muitos países correspondem plenamente a esta tendência, sublinhou o ministro russo.