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Mídia: conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas fazem política externa de Lula andar em campo minado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre deixou claro que a política externa seria um dos pontos altos de seu terceiro governo, mas até o próprio presidente talvez não esperasse que tivesse que lidar com momento tão turbulento onde dois grandes conflitos estão em curso no mundo.
Sputnik
Em sua primeira chance de fazer a diferença, no conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula manteve o status de neutralidade, mas verbalizou declarações vistas como "polêmicas" pela comunidade internacional, e o imbróglio envolvendo seu encontro com Vladimir Zelensky fez com que a ideia de ser um mediador tenha enfraquecido bastante.
em relação ao Hamas e Israel, o Brasil atualmente ganha bastante destaque por estar na presidência do Conselho de Segurança da ONU justo neste mês, entretanto, os desafios impostos pela complexidade da crise e pelas mudanças no contexto político são imensos.
Para começar, dificilmente haverá mais espaço para uma discussão séria sobre a proposta histórica da diplomacia brasileira de constituição dos dois Estados, o judeu e o palestino, além disso, o cenário interno também dificulta bastante a tarefa de Lula.
Hoje, ao contrário do que ocorreu em seus primeiros mandatos, o conflito divide a opinião pública brasileira de forma radical. Prova disso é a guerra de narrativas que tomou conta das redes sociais e do Congresso desde que o Hamas lançou suas bombas, escreve a coluna de Malu Gaspar em O Globo.
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Enquanto ontem (11) o presidente pediu ao Hamas que "liberte crianças israelenses", desde segunda-feira (9) parlamentares opositores ao seu governo protocolaram pelo menos 31 requerimentos na Câmara e outros cinco no Senado sobre o assunto, conforme noticiado.
Além disso, o Brasil sofre pressão da comunidade judaica. Na terça-feira (10), o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, disse que, se dependesse de Tel Aviv, "o Brasil passaria a considerar o Hamas como terrorista".

Ao mesmo tempo hoje (12), o presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), Claudio Lottenberg, criticou a postura do governo brasileiro sobre o Hamas dizendo que "falta firmeza sobre o relato do que está acontecendo agora" e que a comunidade israelense no Brasil está "horrorizada com o que está acontecendo e envergonhada pelo Brasil não ter essa firmeza".

Na visão de Lottenberg, o posicionamento de Brasília pode enfraquecer o país junto a outras nações, nas movimentações diplomáticas, segundo a mídia.
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Lula parece ter aprendido com a crise da Ucrânia ao ficar mais reticente em declarações, mas ainda assim não citou o Hamas. Na nota oficial sobre os brasileiros mortos nos ataques, o Itamaraty referiu-se apenas ao "falecimento", e não ao assassinato deles, sem mencionar os responsáveis, recorda a colunista.
Entretanto, de fato, a questão é importante para o Brasil, visto que seis dias antes dos ataques a chancelaria brasileira anunciou que dedicaria uma sessão do Conselho de Segurança à questão da Palestina na programação de seu mandato à frente do conselho.
Procurado, o Itamaraty informou à mídia que a sessão está mantida. Segundo a programação da diplomacia brasileira, ela será presidida pelo chanceler Mauro Vieira. A definição dessas agendas cabe ao país que exerce a presidência rotativa e costuma refletir as prioridades diplomáticas destas nações.
Essa é uma iniciativa importante, necessária e de execução bastante difícil, que pode render à política externa de Lula seu primeiro gol neste mandato, ressalta a colunista.
Mesmo dando certo, terá sido apenas o primeiro trajeto de um campo totalmente minado. Uma das armadilhas à frente é o debate sobre se a ONU deve ou não classificar o Hamas como grupo terrorista, mas Lula ainda não deu pistas do que faria nessa situação.
Ao mesmo tempo, recebe pressões por todo lado, inclusive de uma ala da esquerda que não pensa ser sensata a classificação do grupo. Portanto, o campo anda minado para o presidente e a condução de sua governança.
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