Após o pedido israelense para que 1,1 milhão no norte da Faixa de Gaza deixem suas casas até a madrugada deste sábado (14), as Nações Unidas descreveram a ordem como "impossível" e apelou para uma reversão antes do que cada vez mais parece ser uma invasão terrestre iminente.
"As Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras. A ONU apela veementemente para que qualquer ordem deste tipo, se confirmada, seja rescindida, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa", afirmou o órgão segundo a Bloomberg.
Tel Aviv ordenou que todos os civis que vivem na Cidade de Gaza se deslocassem para a área ao sul de Wadi Gaza, que marca a fronteira sul da cidade, e disseram que só poderão regressar quando for permitido.
A reação de Israel ao pedido da ONU foi de indignação, com o embaixador israelense nas Nações Unidas, Gilad Erdan, chorando e dizendo que a declaração do órgão foi "uma vergonha", segundo o The Times of Israel.
"A resposta da ONU ao alerta precoce de Israel aos residentes de Gaza é uma vergonha! Durante muitos anos a ONU fez vista grossa ao armamento do Hamas e à sua utilização […] agora, em vez de apoiar Israel, cujos cidadãos foram massacrados pelos terroristas do Hamas e que ainda tenta minimizar os danos aos não-combatentes, prega especificamente [contra] Israel", disse Erdan.
O diplomata ainda acrescentou que "seria melhor que a ONU se concentrasse agora no retorno dos cativos, condenando o Hamas e apoiando o direito de Israel de se defender".
A ordem de evacuação em tal escala não tem precedentes na história recente, destaca a mídia. Grupos de ajuda internacional e a ONU há muito dizem que não é seu papel pedir às pessoas que saiam. Durante conflitos anteriores, Israel ordenou movimentos em massa lançando panfletos.
Após o anúncio israelense, palestinos começaram a deixar a região a pé, de carro, em motos e caminhões, levando vacas e camelos.
O movimento em massa de civis é caótico e extremamente perigoso, já que é feito por apenas uma estrada, em uma das regiões mais densamente povoadas. O Hamas rejeitou o ultimato e pediu para que os palestinos "se mantenham firmes", segundo o jornal O Globo.
Manifestantes participam numa manifestação anti-israelense na Praça Tahrir, em Bagdá, em 13 de outubro de 2023
© AFP 2023 / Ahmad Al-Rubaye
Ao mesmo tempo, diversos protestos com dezenas de milhares de pessoas aconteceram hoje (13) no Oriente Médio contra o bombardeamento de Gaza por Israel, enquanto este intensificava os preparativos para uma possível ofensiva terrestre para destruir o grupo militante palestino Hamas.
As praças centrais das capitais do Irã, Iraque, Jordânia e Líbano encheram-se de manifestantes portando bandeiras palestinas. Também foram realizadas manifestações de apoio aos palestinos na Turquia, no Catar, no Iêmen e Omã, relata a Bloomberg.
Até o momento, 1.799 pessoas foram mortas em Gaza incluindo 583 crianças e 351 mulheres. Mais de 7.000 pessoas ficaram feridas. Em Israel, o número de mortos durante o ataque chegou a 1.300, segundo a mídia.