Panorama internacional

Hegemonia mundial dos EUA é coisa do passado, mas Ocidente finge que existe, opina especialista

O brutal ataque de foguetes e a infiltração repentina de militantes do movimento Hamas nos territórios de Israel, onde o grupo encontrou pouca ou nenhuma resistência, tornaram-se uma alerta para Washington e Tel Aviv.
Sputnik
No entanto, o conflito em erupção é o resultado de uma série de erros cometidos pela comunidade internacional e pelos EUA, em particular, durante o seu momento unipolar, de acordo com Aleksandr Asafov, cientista político e membro da Associação Russa de Consultores Políticos.
Em sua opinião, tornou-se aparente o fim da Pax Americana – uma era quando Washington e seus aliados tinham uma "vantagem decisiva".
No entanto, continuo ele, há tentativas óbvias, e existirão por algum tempo, de fingir que esse "império" continua a existir.

"Vemos este processo agora. [...] Embora já seja óbvio que vivemos em um mundo multipolar, em que novos laços estão surgindo, os antigos estão desaparecendo, novas alianças e acordos estão surgindo, os antigos estão desaparecendo. Esta mudança ocorre, inclusive, através da dor e de conflitos", disse ele.

Segundo Asafov, os EUA e seus aliados ocidentais não buscaram maneiras de resolver as contradições de uma vez por todas: eles capitalizaram as feridas purulentas das crises locais no Oriente Médio, África, Ásia Central e em outros lugares.

"A hegemonia mundial [dos EUA] tem mantido muitos conflitos latentes por meio de manipulação, pressão forçada e várias outras ferramentas que eles chamam de poder 'suave' ou 'inteligente'", continuou o cientista político.

Além disso, ele enfatizou que Washington fez isso deliberadamente, porque isso ajudou a ganhar dinheiro e garantir uma certa influência e controle através de conflitos adormecidos.
Por sua vez, o dr. Marco Marsili, colega associado do Centro de Investigação e Análise Estratégica, que ocupa cargos de pesquisa em importantes instituições civis e militares em Portugal, no Reino Unido e na Itália, afirmou que a questão palestina não está resolvida e que os acontecimentos recentes da escalada demostram que "ainda está a arder".
Mais cedo, interlocutores da Sputnik advertiram que os destacamentos navais dos EUA e do Reino Unido perto da região poderiam atiçar ainda mais as chamas da crise, em vez de acalmá-la, já que o Irã e o Hezbollah do Líbano podem considerar o crescimento militar ocidental uma provocação e uma ameaça.
Asafov observa que as velhas regras de demonstração de força e intimidação não funcionam, e os jogadores internacionais precisam agir com cuidado para evitar conflitos maiores.
Assim, segundo ele, a militarização irresponsável da Ucrânia, Taiwan e Israel tornará o mundo menos seguro e mais turbulento.

"Só assim eles poderiam mostrar que suas regras antigas, regras de bloco – não civilizacionais baseadas em valores, mas regras coloniais baseadas em ganhos financeiros e bombeamento de recursos de outros países – ainda funcionam e podem se defender", enfatizou ele.

Contudo, essas regras coloniais não funcionam mais, concluiu o especialista político, o que significa que os atores globais e regionais teriam que se sentar à mesa de negociação como iguais e encontrar as soluções para as crises urgentes, incluindo o conflito em desenvolvimento na Faixa de Gaza.
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