As Forças de Defesa de Israel (FDI) receberam autorização nesta quinta-feira (19) para atacar, por terra, a Faixa de Gaza, na Palestina, que tem sido palco de diversos bombardeios, intensificados desde 7 de outubro, quando o grupo Hamas atacou o território israelense e matou 1,4 mil civis.
O ministro da Economia de Israel, Nir Barkat, anunciou a decisão e revelou que o governo deu "sinal verde" para a destruição do Hamas. As tensões no Oriente Médio têm se intensificado, e o titular da pasta afirmou que a ação foi priorizada devido à situação de reféns e mortes de inocentes.
A operação foi anunciada em resposta ao ataque de foguetes do Hamas, considerado sem precedentes, e marca um ponto crítico no conflito israelo-palestino, que tem desgastado a região por décadas. Desde 1948, são milhares de mortes na região, que tem sido tomada pelas forças israelenses.
Mais cedo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou uma divisão de soldados da Brigada Golani, das FDI, em ocupações militares perto das fronteiras do país com Gaza. Durante o encontro, o premiê afirmou aos combatentes que a nação, em confronto com o Hamas, iria "vencer, com o uso de toda a força".
Aliado a isso, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse às tropas na fronteira com a Faixa de Gaza que a ordem para entrar no território controlado pelo Hamas poderia chegar em breve.
"Agora vocês enxergam Gaza de longe. Em breve, a verão por dentro. A ordem virá", completou o oficial.
A confirmação não tardou a vir. Durante entrevista coletiva, respondendo um dos jornalistas da rede norte-americana ABC News, o ministro Nir Barkat declarou que as FDI receberam "sinal verde" para entrar em Gaza quando estivessem prontas.
Ainda perguntado sobre quando isso aconteceria, a questão foi mantida em segredo.
"O Exército tem "sinal verde". Não vamos discutir os planos militares de Israel com a mídia, […] não é uma questão política. O governo de Israel tomou a decisão, deu a confirmação ao Exército e o disse: matem eles [Hamas] todos. De qual jeito ou modo isso será feito, será como acharmos que é certo. Não discutiremos os detalhes", completou Barkat.
Além disso, o ministro confirmou que "as baixas de prisioneiros e de civis serão secundárias à destruição do Hamas", mesmo que Israel leve "um ano" para completar o serviço militar.
Barkat acrescentou que Israel fará "todos os esforços para trazer os reféns [de volta] vivos". Mas a "primeira e última prioridade", disse, "é destruir o Hamas".
O braço militar do movimento palestino Hamas lançou há 12 dias a operação Dilúvio de Al-Aqsa, que atingiu zonas fronteiriças no sul de Israel.
Em resposta, o Exército israelense iniciou a operação Espadas de Ferro, assumindo o controle de colônias próximo à fronteira e realizando ataques aéreos, que inclusive atingiram alvos civis. Estima-se que mais de 3,7 mil palestinos morreram em tais ações.
Um bombardeio em um hospital matou aproximadamente 500 pessoas, mas teve sua autoria negada pelo premiê Benjamin Netanyahu. No entanto, o Ministério da Saúde da Palestina atribuiu ao Exército israelense a culpa pelas mortes.
Anteriormente Israel havia anunciado um bloqueio total a Gaza, suspendendo o fornecimento de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível à região.
A Embaixada russa em Israel reportou que durante a escalada 19 russos perderam a vida, dois foram feitos reféns e sete estão desaparecidos. Há relatos de cerca de 150 israelenses mantidos em cativeiro pelo Hamas, embora o movimento afirme que existem de 200 a 250 prisioneiros na Faixa de Gaza.
Reação de palestina após ataque aéreo israelense no campo de refugiados Rafah, na Faixa de Gaza
© AFP 2023 / Said Khatib
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia fez um apelo às partes envolvidas para cessarem as hostilidades, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, reforçou a importância da resolução da crise no Oriente Médio com base na solução de dois Estados, aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa fórmula prevê a criação de um Estado palestino independente dentro das fronteiras de 1967, com sua capital em Jerusalém Oriental.
Israel, embora tenha declarado concordar com o princípio dos dois Estados, não cedeu completamente os territórios palestinos, alimentando assim a contínua tensão e conflitos na região.