"Israel e os Estados Unidos anunciaram que a ajuda humanitária será permitida na Faixa de Gaza", disse Guterres durante a sua visita a Rafah.
Porém, conforme Guterres, o acordo entre Egito e Israel para o envio dos itens básicos tem restrições, que serão analisadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para acelerar o processo. A entidade não deu detalhes sobre quais seriam as condições.
"Deste lado [do Egito] vimos muitos caminhões com água, combustível, remédios e comida. Isso é o que é necessário do outro lado do muro. Temos que fazê-los andar, levá-los para o outro lado o mais rápido e na medida do possível", acrescentou.
A Faixa de Gaza sofre há 14 dias com bombardeios diários que deixaram desabrigadas quase 400 mil pessoas. Na última semana, Israel chegou a dar um ultimato de 24 horas para que a população que vive na região norte do território evacuasse a área. A ação foi condenada pela comunidade internacional.
Mais de 80% vive na pobreza
Com quase 2,3 milhões de habitantes, Gaza tem apenas 41 km de comprimento e 10 km de largura, o que torna a região uma das mais densamente povoadas do planeta. Bloqueada por Israel desde 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território, a localidade palestina tem mais de 80% da população vivendo em extrema pobreza.
Além disso, a Faixa de Gaza tem uma das maiores taxas de desemprego do mundo, que no ano passado alcançou 45%. Antes do conflito, conforme o Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas, pelo menos 450 caminhões chegavam por dia ao território com ajuda humanitária.
Mais cedo, um acordo entre os presidentes dos EUA, Joe Biden, e do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, chegou a ser divulgado pela mídia local com a confirmação da passagem dos primeiros 20 caminhões à Faixa de Gaza.
Apesar da ameaça cada vez mais intensa de Israel invadir a região por terra, com o objetivo de destruir o movimento Hamas, responsável pelos ataques em 7 de outubro que levaram à guerra, a resolução brasileira para o conflito, apresentada no Conselho de Segurança da ONU, não foi aprovada.
Entre as medidas previstas, estava a retirada da população civil da zona de conflito.
Os únicos contrários foram justamente os Estados Unidos, principal aliado israelense, que criticaram a falta de condenação do Hamas no texto como um movimento terrorista.