Presumia-se que a Lua havia se formado pouco depois da Terra, há cerca de 4,4 bilhões de anos, quando o Sistema Solar ainda era jovem.
Segundo a teoria, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra — que ainda estava quente, flácida e recém-formada — e liberou uma enorme nuvem de detritos que orbitou a Terra, tornando-se a Lua.
Agora, o novo estudo de uma equipe da Universidade de Glasgow, liderados pela geóloga Jennika Greer, chegou à conclusão de que a Lua tem pelo menos 4,46 bilhões de anos — de 40 a possivelmente 60 milhões de anos a mais do que era pensado —, enquanto a Terra é estimada em 4,54 bilhões de anos. A análise foi feita a partir de pequenos cristais de zircão no solo lunar.
"Esses cristais são os elementos sólidos mais antigos de que temos conhecimento, formados após um grande impacto. E, como sabemos, a idade desses cristais […] servem como uma âncora para a cronologia lunar", diz o cosmoquímico Philipp Heck, do Field Museum e da Universidade de Chicago.
Graças à estranha natureza da sua formação, os cristais de zircão são um excelente meio de determinar a idade de um astro ou objeto.
Isso porque, durante o processo de formação, os cristais de zircão incorporam o urânio, mas rejeitam fortemente o chumbo. Com o tempo, o urânio radioativo do zircão decai em chumbo de forma muito rápida. A partir da proporção do urânio e do chumbo em um cristal de zircão, os cientistas podem determinar com grande precisão há quanto tempo ele foi formado.
Esses cristais microscópicos podem ser encontrados em amostras de solo lunar recuperadas durante a era Apollo. Greer e seus colegas estudaram o zircão encontrado em amostras da última missão lunar Apollo 17, realizada em 1972.
Esses cristais, segundo a equipe, devem ter se formado após a solidificação da superfície lunar, a partir do oceano global derretido que a cobriu logo após a sua formação.
Os pesquisadores usaram o método de tomografia por sonda atômica para estudar a composição das amostras: eles afiaram os cristais até certo ponto e, depois, usaram um laser para vaporizar os átomos. Daí um espectrômetro de massa teve a função de analisar a gravidade do material vaporizado, permitindo aos cientistas determinar a proporção exata entre urânio e chumbo.
Por sua vez, isso mostrou que os cristais específicos têm 4,46 bilhões de anos. Isso implica que a Lua deve ter pelo menos essa idade. Essa informação poderá ajudar os cientistas a determinar outros aspectos da história da Lua, tais como quanto tempo demorou para ela se formar, se solidificar e calcular melhor a data da grande colisão.
"É incrível que tenhamos provas de que a rocha que você está segurando é o fragmento mais antigo da Lua que encontramos até agora. É um ponto de partida para muitas questões sobre a Terra. Quando você sabe a idade de um objeto, você pode entender melhor o que aconteceu com ele durante sua história", conclui Greer.