Panorama internacional

EUA veem seu 'controle sobre o mundo' enfraquecer diante de avanço do BRICS+, opina analista

O BRICS+ conta com seis novos membros a partir de 2024, tem o potencial de remodelar o sistema financeiro global e desafia a hegemonia do dólar. Mas como os EUA reagirão a essas mudanças? A Sputnik Brasil conversou com especialistas para entender o cenário que se desenha no horizonte geopolítico.
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Os EUA, em termos econômicos, enfrentam dificuldades profundas, o que resulta em crises políticas notáveis. Pela primeira vez na história, a dívida nacional do país ultrapassou US$ 33 trilhões (cerca de R$ 160 trilhões). Após uma remodelação na lei de liberação de verbas, o presidente norte-americano, Joe Biden, pode herdar também algo inédito: o maior índice de custos de serviço da história do país.
O que isso significa, portanto? Que, do possível PIB do país no ano que vem, 4% sejam somente de custos de serviço. Isso levaria o país a uma crise econômica forte, visto que, com o crescimento de taxas excessivas, a dívida se torna praticamente impagável, baixando o valor do dólar perante o cenário internacional e aumentando a crise interna, elevando a inflação e encarecendo o custo de vida dos habitantes norte-americanos.
Além disso, outro fator crucial para o não fechamento de contas do país são os altos investimentos em confrontos externos, principalmente de apoio à Ucrânia e, mais recentemente, Israel.
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No caso da Ucrânia, Biden já anunciou que fará um pedido formal de financiamento suplementar de US$ 60 bilhões (R$ 303 bilhões). No caso de Israel, a quantia bate a casa de US$ 14 bilhões (R$ 70,9 bilhões).
Com derrotas militares significativas na Ucrânia, somadas à afirmação do próprio presidente de que tropas norte-americanas não lutariam em solo russo — e com uma considerável diminuição de apoio financeiro —, a última cartada norte-americana tornou-se o Oriente Médio.
A política bélica, claro, tem gerado críticas da grande maioria das autoridades internacionais em diversas nações, não só internamente nos EUA.
Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança russo, chegou a afirmar que "uma região explosiva e instável [Oriente Médio], repleta de variedades de armas, revelou-se muito útil para os Estados Unidos. Se houver um problema, são necessários os serviços dos EUA".
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Além disso, o próprio diário The Wall Street Journal chegou a destacar que Biden "não cumpriu suas promessas". Em vez de acabar com as guerras, o presidente americano continuou a contribuir para aumentar as tensões em todo o mundo, trocando a "paz mundial" pelo "comércio de armas".

Reorganização global exige novos atores

Visando amenizar a possibilidade de uma crise econômica global, Joe Biden chegou a afirmar que reconheceu que a humanidade "precisa de uma nova ordem mundial", colocando os EUA como nação preparada para construí-la. No entanto, o que preocupa não somente os norte-americanos mas toda a União Europeia, em geral, é o crescimento do agrupamento BRICS+.
Além de deter 42% das reservas de petróleo, os 11 países que vão compor o BRICS+ possuem um domínio invejável sobre a energia nuclear (68% da produção de urânio enriquecido) e de recursos renováveis: só a China concentra 55% dos investimentos em energia limpa e 70% dos painéis solares, além de o Brasil ter a matriz mais diversificada do mundo.
Conforme relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o BRICS ainda concentra 55% das reservas de gás natural, 75% do manganês e 72% dos minerais de terras raras, além de 50% do grafite e 28% do níquel, usado em moedas e no aço inoxidável.
A possibilidade de um conjunto novo no que tange à produção de energia limpa, exportação de recursos e cooperação econômica fora do espectro do dólar representa, para especialistas, não somente uma necessidade, mas um sintoma de "cansaço" em relação às políticas de guerra do Ocidente.
Mundioka
Seria o BRICS+ a nova ordem energética?
Segundo Gregory Toloraya, diretor-executivo do Comitê Nacional do BRICS, a "ausência de ditadura, de um líder ou mesmo do primeiro entre iguais, é o princípio primário do BRICS".
Diferentemente de qualquer outro grupo, ainda segundo o especialista, "o BRICS baseia-se no respeito mútuo, em soluções baseadas no consenso e na ausência de pressão e hierarquia, o que diferencia o BRICS do Ocidente […] é que ninguém obriga os outros a cumprir a vontade política de alguém."
Diante do contexto de extrema importância dos países do Sul Global nos rumos da economia internacional no futuro, qual pode ser o papel de cada país no xadrez global?

Brasil representa liderança firme e segura na América Latina

A mais nova indisposição brasileira com os EUA ficou claramente marcada durante reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), quando o país rejeitou a resolução brasileira sobre a guerra entre Israel e Hamas.
O sentimento, porém, não foi de tristeza, apesar da não adesão à proposta. Mesmo com o veto estadunidense, o país teve apoio de 12 dos 15 membros do órgão.
Para o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, desde o início os Estados Unidos não estavam realmente interessados na resolução e só esperavam "torcer o número de braços necessários" para que o projeto de resolução não fosse aprovado sem o seu veto.
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Além disso, apesar de não ser um membro permanente no Conselho de Segurança, a reinserção do país como ator central para possíveis negociações de paz é notável. Pela sexta vez o Brasil foi eleito para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, pelo período 2024–2026, outro importante órgão das Nações Unidas. Ao todo, foram 144 votos dos 193 Estados-membros, o que representa quase 75%.
Não é a primeira vez que o Brasil busca novas alternativas de cooperação econômica e política. Pode-se afirmar, na realidade, que os rumos já têm sido outros.
Recentemente, Brasil e China realizaram a primeira operação completa em yuan e real na história. A transação gerou comoção mundial, visto que tal política já foi defendida pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

"Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Quem é que decidiu que era o dólar? Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar", afirmou Lula em visita a Xangai neste ano.

Apesar do otimismo em relação ao processo de desdolarização, é necessária a cautela. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o historiador e diretor-geral do Instituto Tricontinental, Vijay Prashad, afirmou que a solução, apesar de boa, deve vir somente a longo prazo.

"Não será fácil suplantar o dólar. O dólar desempenha esse papel não só devido ao poder da economia dos EUA, mas também porque os EUA permitem a convertibilidade total do capital sem quaisquer métodos de controle do mesmo. A China, que é uma das maiores economias do mundo, por exemplo, não permite a liberalização total dos seus mercados financeiros. Isso torna difícil ver qualquer alternativa eficaz ao dólar no médio prazo", explica Prashad.

Outro marco histórico a ser considerado diante das transformações econômicas foi justamente o recente aumento de exportações de soja brasileira para a China, o que tem afetado diretamente os EUA.
Segundo a Bloomberg, devido às condições climáticas favoráveis e ao aumento da produção, o Brasil se tornou um grande concorrente no mercado de soja, especialmente com a venda à China. Como resultado, as vendas de soja dos EUA à China diminuíram, levando a um excedente norte-americano.
Se observada a parceria com a Índia, a liberalização do intercâmbio de bens com o país — e a iminente retomada do acordo de livre comércio — pode chegar, no mínimo, a dobrar o fluxo de comércio do Brasil com os indianos, dos atuais US$ 15 bilhões (R$ 76,5 bilhões) para US$ 30 bilhões (R$ 153 bilhões) até 2030. A soma total, se incluída a negociação de serviços estratégicos, pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 255 bilhões).
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O incentivo ao uso de moedas locais é o norte procurado não somente pelo Brasil, mas por todos os países que compõem o BRICS. No caso do Brasil, o mais recente empréstimo, no valor de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões), vindo do banco do BRICS pode ser crucial para o desenvolvimento de áreas estratégicas a serem definidas.
O crescimento de protagonismo brasileiro tornou-se impossível de não reconhecer. O presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que "muitos países crescem" e que na América Latina "quem mais cresce é o Brasil".

Rússia supera o Ocidente e se prepara para desafios da presidência do BRICS

Mesmo após a tentativa de sanções internacionais, a estabilidade financeira e a recuperação da influência econômica da Rússia mantiveram o país como central para o estabelecimento de uma nova ordem mundial.

"O processo objetivo e irreversível de desdolarização dos nossos laços econômicos está ganhando impulso, estão sendo feitos esforços para desenvolver mecanismos eficazes de liquidação mútua e de controle monetário e financeiro. Como resultado, a participação do dólar nas transações de exportação-importação dentro do BRICS está em declínio: no ano passado representaram apenas 28,7%", afirmou Vladimir Putin.

Os EUA, e principalmente Joe Biden, que viam a Ucrânia como um bom investimento para alavancar sua popularidade, encontraram a frustração.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, chegou a afirmar, em julho, que Kiev lançou uma tentativa de ofensiva em cinco frentes, com concentração de grandes forças, contudo fracassou em todas.
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, relembrou pontualmente que Joe Biden chegou a caracterizar a ajuda à Ucrânia como "investimento inteligente", o que definiria a política de guerra dos Estados Unidos — baseada em conflitos externos, nunca em território americano.
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A vitória e o sucesso na operação militar especial, jogando a responsabilidade para a Ucrânia na busca de um cessar-fogo imediato, também facilitou que a Rússia reforçasse seu papel econômico de importância não somente na Europa — que sistematicamente começou a retirada de sanções econômicas após dificuldades de sustentação do continente em quesitos energéticos —, mas também na Eurásia.
A estimativa para o ano de 2023 é que o volume de negócios entre a Rússia e a China exceda o valor de US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão).
O volume de negócios entre os países cresceu 29,5%, chegando a quase US$ 176,4 bilhões (R$ 889 bilhões). Seus líderes haviam estabelecido anteriormente a meta de dobrar o volume, elevando-o de US$ 100 bilhões (R$ 503,8 bilhões) em 2018 para US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão) até 2024.
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O reconhecimento do sucesso da parceria entre duas das maiores potências do mundo se confirmou com o 3º Fórum do Cinturão e Rota, promovido pela China e realizado durante os dias 17 e 18 deste mês.
Durante o evento, os laços comerciais e de comprometimento foram reforçados. A Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como "nova Rota da Seda" e empreendida pelos chineses, engloba cerca de 55% do PIB, 70% da população e 75% das reservas energéticas do mundo, o que a caracteriza como uma das estratégias mais importantes empreendidas por uma grande potência em toda a história.
Não à toa a China desbancou a Alemanha como principal parceira comercial da Rússia. Em troca, a Rússia ocupa o primeiro lugar entre os fornecedores de recursos energéticos ao mercado chinês. Já o fornecimento de gás deverá atingir o patamar de 22 bilhões de metros cúbicos, ante os 15 bilhões de metros cúbicos exportados em 2022.
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O mais novo desafio para Putin será a presidência do BRICS em 2024, que contará com seis novos membros — sendo eles Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito, Irã e Etiópia.
Apesar de contar com países que ainda não experimentaram a dinâmica do agrupamento, as expectativas são boas.

"O BRICS renovado pode desempenhar um papel essencial no avanço dos esforços multilaterais no sentido da redução das rivalidades, da obtenção de progressos no desarmamento nuclear e do reforço da interação construtiva entre as nações", afirmou Sergio Duarte, presidente das Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais.

Índia e China: duas potências econômicas

Em 2022, segundo os últimos números do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Índia se tornou a quinta maior economia mundial, ultrapassando o Reino Unido. O crescimento populacional — agora o país tornou-se o mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes — contribuiu para o crescimento do PIB do país.
Isso tem aumentado a busca dos países do BRICS em fortalecer a sua expansão da malha de negócios. Os interesses nacionais como prioridade, portanto, já começam a surgir.

"A Índia está caminhando muito gradualmente de uma atitude relativamente subserviente aos Estados Unidos para uma afirmação dos seus próprios interesses nacionais. O fato de a Índia — como parte do BRICS+ — ter saudado a adição do Irã ao bloco mostra que o país já não suporta a pressão dos EUA. O método da Índia para balancear sua relação com a China tem sido apostar na sua aproximação aos Estados árabes do golfo [Pérsico]", observa Prashad.

Possibilidades de aproximação para além do golfo não faltam. Yevgeny Griva, vice-comissário de Comércio da Federação da Rússia na Índia, já chegou a afirmar que Moscou tem grande interesse em ampliar o comércio Índia-Rússia, incluindo as exportações indianas.
“Principalmente nas esferas de petróleo e gás, de fornecimento de carvão da Rússia, de fertilizantes, mas esperamos alargar a gama de produtos a serem fornecidos aos mercados indianos", completou o oficial russo.
Em dados mais recentes, as exportações de mercadorias da Rússia para a Índia totalizaram US$ 41,2 bilhões (R$ 208,06 bilhões), em comparação com US$ 17,1 bilhões (R$ 86,36 bilhões) no ano passado. As exportações de mercadorias da Índia para a Rússia aumentaram em 50%, para US$ 2,6 bilhões (R$ 13,13 bilhões).
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Como resultado, o volume de negócios atingiu um valor recorde de US$ 43,8 bilhões (R$ 221,19 bilhões), tendo aumentado em 130% de janeiro a agosto do ano passado, com aumento de 20% em relação a todo o ano de 2022.
Esse rápido crescimento do comércio permite que a Rússia continue sendo o quarto maior parceiro comercial da Índia e o segundo mais importante fornecedor de mercadorias ao país.
Já a China, com sucesso, tem se firmado como agente central no panorama econômico internacional. Recentemente o yuan superou o euro e se tornou a segunda moeda mais importante no sistema SWIFT. O dólar, por sua vez, tem estado consistentemente abaixo de 85% desde dezembro do ano passado, o que não acontecia desde o início de 2018.
O yuan subiu pela primeira vez para o segundo lugar, tendo a sua cota aumentado 1 ponto percentual, para 5,8% durante o mês, um recorde absoluto para essa moeda.
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O euro desceu uma posição nessa classificação: a sua cota nas transações comerciais diminuiu 1 ponto percentual, para 5,43%.
Crítico à política bélica dos EUA, Xi Jinping, presidente da China, chegou a afirmar que "mudanças históricas estão ocorrendo no mundo moderno" e que "a modernização do mundo deve ser baseada nos princípios do desenvolvimento pacífico, da cooperação mutuamente benéfica e da prosperidade para todos", desafiando o conceito de nova ordem mundial trazido por Biden, que prega os EUA como agente central, ao mesmo tempo que financia o confronto entre Israel e Palestina e fornece armas à Ucrânia.
Os números também não mentem — e reafirmam o papel central da China na nova ordem econômica que se desenha no tabuleiro global. O país cresceu 4,9% no terceiro trimestre deste ano, superando a previsão de 4,5% de analistas, mas desacelerou em relação ao mesmo período do ano passado, quando a evolução foi de 6,3%, segundo dados publicados pelo governo.
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Nos primeiros nove meses do ano, a economia da China cresceu 5,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados ainda mostram que a economia chinesa está se recuperando de forma suficiente para atingir a meta de crescimento anual do país, de 5%.

Diante da encruzilhada, a pergunta: há saída para os EUA?

Não existindo vácuo de poder na política, os espaços têm de ser ocupados de forma rápida e estratégica. Diante da realidade emergente do BRICS+, os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) buscam alternativas que, apesar de já terem funcionado no passado, mostram-se pouco efetivas no presente.
Discursos mais gerais já surgem para justificar a possibilidade de um novo conflito com países como Rússia e China. O Comitê Militar da OTAN, por exemplo, já expressou preocupação com a integração de ambos os países no Ártico, o que justificaria uma maior cooperação entre a OTAN e seus aliados para fazer um enfrentamento mais direto.
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Para além do discurso, há a prática. Também em tempos recentes, aumentaram os exercícios nucleares Steadfast Noon, da OTAN, durante o qual diversas aeronaves táticas ensaiam lançamentos de bombas nucleares. O exercício é considerado uma espécie de provocação, principalmente direcionada às potências nucleares do BRICS+.
O aumento frequente de ações e manobras militares, porém, já não causa mais comoção internacional. Pelo contrário, só mostra que, dentro da nova ordem global que se desenha, países como a Rússia e a China têm forte capacidade de liderança.

"Os EUA e a OTAN utilizarão todos os meios para dividir os membros do BRICS+, particularmente através da campanha de pressão contra a Rússia e a China. Sem guerra, duvido que tenham sucesso", afirma Vijay Prashad.

A perda de influência dos EUA no Oriente Médio também é um fator crucial, principalmente diante da análise de que dos dez países que mais recebem dinheiro da nação, seis se encontram em tal região geográfica.
O principal motivo para a derrocada norte-americana é justamente sua postura diante de conflitos. Rússia, China e Brasil são nações que receberam elogios extensivos por sua busca de negociações de paz, principalmente diante do Conselho de Segurança da ONU.

"A Rússia e a China podem formar uma coalizão de países em desenvolvimento, já que ambos os países têm capacidade diplomática especificamente com países não ocidentais. Isso criaria uma base significativa de apoio, podendo também pressionar Israel e o Ocidente", revelou o pesquisador Vasily Kashin à Sputnik.

A fraqueza do governo de Biden e a descrença na OTAN, inclusive, já surgem em expressões internas.
Em pesquisa realizada pela rede de televisão estadunidense CBS, 56% dos cidadãos americanos acreditam que o presidente americano está lidando com a situação de forma errada. O público americano está preocupado com a escalada do conflito: cerca de 85% temem uma guerra maior no Oriente Médio.
Contando com a repercussão do povo e a opinião pública, as ações políticas devem ser cada vez mais pragmáticas e calculadas. As eleições norte-americanas, em 2024, trazem o ex-presidente Donald Trump como figura central de preocupação a Biden. Porém há realmente uma mudança no caráter do governo com a possível saída do atual presidente? Para Vijay Prashad, não muito, se analisada a essência do país.

"Os EUA são, na sua essência, uma potência imperialista que está vendo seu controle sobre o mundo enfraquecer. É duvidoso que consiga reforçar as áreas onde esses controles estão diminuindo como o controle sobre as matérias-primas, sobre a ciência e a tecnologia e sobre as finanças. Os únicos dois controles que o país ainda mantêm são sobre as armas e sobre a informação. Com o ataque israelense aos palestinos, o controle sobre a informação enfraqueceu, e a bravura dos palestinos mostra que mesmo os sistemas de armas avançados não são suficientes para vencer", completa.

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