Durante um balanço realizado nesta terça-feira (24), um dia após o ocorrido, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, sinalizou que, no momento, uma intervenção federal não está na pauta da pasta. "Neste momento apostamos no SUSP [Sistema Único de Segurança Pública]. Apostamos no fortalecimento das relações interfederativas. Cada estado tem o seu papel. O policiamento ostensivo é responsabilidade do estado."
Ao analisar os ataques criminosos, Cappelli classificou de "muito grave" a situação no município.
''Situação muito grave, facções criminosas desafiando o Estado Democrático de Direito, paralisando uma parte da cidade, colocando fogo no transporte público. É uma clara ameaça à autoridade do Estado, uma situação inaceitável'', disse Cappelli.
As declarações foram dadas após o secretário participar da abertura do 17º Encontro Nacional de Repressão a Drogas, Armas, Crimes contra o Patrimônio e Facções Criminosas (Siren), no hotel Vila Galé, no Centro do Rio. O encontro reúne, até sexta-feira (27), policiais federais de todo o país, representantes das Forças Armadas e do setor de segurança de embaixadas.
Segundo Cappelli, ainda é cedo para reformular o planejamento feito para a atuação de forças federais no estado.
"A gente está completando uma semana do início do nosso reforço no Rio de Janeiro, então é cedo para rever um planejamento que ainda está em curso. A gente vai fazer a primeira reunião de monitoramento. Esta semana acabam de chegar os homens da Polícia Federal, com tecnologia e equipamentos. Está cedo ainda. Não tem uma semana. Claro que o que aconteceu ontem é gravíssimo, e isso a gente leva em conta no planejamento que está construindo e que vai avaliar hoje", frisou.
Relembre o caso
Os moradores e transeuntes que precisaram passar pela Zona Oeste do Rio de Janeiro na última segunda-feira sofreram um pouco mais do que o normal. Após o assassinato de um miliciano, pessoas não identificadas atearam fogo em 35 ônibus e 1 trem da região.
Além da queima de veículos de transporte público, vias foram interditadas.
Terrorismo
Durante uma coletiva realizada no mesmo dia, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que os presos pelos ataques responderão como terroristas. "Eles estão presos por ações terroristas e, por isso, estarão sendo enviados para presídios federais", afirmou.
Morte de sobrinho de miliciano
Matheus Rezende, sobrinho do miliciano Zinho, foi atingido por disparos durante confronto com a Polícia Civil na comunidade Três Pontes, na Zona Oeste.
O confronto envolveu policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE). Agentes da Polinter também foram ao local.
Segundo a polícia, Matheus era apontado como o segundo na hierarquia da milícia da região. Faustão, como é conhecido, é o terceiro da família a morrer em confrontos com a Polícia Civil do Rio.
Em 2017, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morreu em operação da Delegacia de Homicídios da Capital. Em junho de 2021, foi a vez do miliciano Wellington da Silva Braga, de 34 anos, conhecido como Ecko. Ambos eram irmãos de Zinho, que assumiu o comando da organização criminosa quando o último morreu.