Panorama internacional

Maduro diz que a Guiana ameaça a estabilidade na América Latina e no Caribe

As tensões entre Venezuela e a Guiana por conta do território de Essequibo, onde se concentram as descobertas de petróleo, cresceram nesta segunda-feira (30). Em resposta às declarações do país vizinho, o presidente venezuelano Nicolás Maduro disse que as decisões sobre a região colocam em risco a estabilidade da América Latina e Caribe.
Sputnik

"As medidas tomadas nas últimas semanas são simplesmente uma insolência contra toda a paz no continente. A Guiana se torna uma ameaça à paz, à estabilidade e ao direito internacional em toda a região do Caribe", disse o presidente durante a transmissão de seu programa de televisão Con Maduro +.

Maduro fez o comentário em resposta às declarações do presidente da Guiana, Irfaan Ali, que assegurou que o seu país não entregaria nenhum metro quadrado do território à Venezuela. Ali também alegou que confia que as Forças Armadas defenderiam os interesses da Guiana.
O presidente venezuelano disse ainda que Irfaan Ali serve aos interesses da gigante americana ExxonMobil, uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, também dos Estados Unidos. Para Maduro, a Guiana escolheu o caminho da provocação e da ilegalidade.
"Da Venezuela levantamos a nossa voz perante o povo das Caraíbas. Essas declarações procuram entregar os blocos petrolíferos em uma região do mar que não está delimitada e vive uma disputa há mais de 120 anos. Mesmo assim, a Guiana entregou blocos petrolíferos estritamente venezuelanos", afirmou.
Além disso, o presidente alegou que a Venezuela não reconhecerá a exploração de blocos petrolíferos na área disputada e acrescentou que fará valer os seus direitos sobre o território.
Sobre o recurso apresentado pela Guiana nesta segunda-feira (30) no Tribunal Internacional de Justiça para que a Venezuela suspenda o referendo consultivo agendado para 3 de dezembro, o presidente apelou à população para apoiar a consulta pública face ao que considerou uma ameaça.
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A iniciativa de realizar a consulta surgiu após declarações do governo dos EUA em apoio ao "direito soberano da Guiana de desenvolver os seus próprios recursos naturais" e também à participação da empresa ExxonMobil na exploração do recurso.

Exploração de petróleo

Dos 14 blocos petrolíferos descobertos na região do Essequibo, oito são explorados pela ExxonMobil. Para Caracas, há uma conspiração dos Estados Unidos para retirar do país os seus direitos sobre o território, que representa dois terços da Guiana.
Território de Essequibo, área sob disputa entre Guiana e Venezuela
A expansão petrolífera na Guiana tornou o país com o maior índice de crescimento mundial: só neste ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), já ultrapassa 38%. No ano passado, o número chegou a 62,3% de aumento econômico, em um país que entre 2006 e 2022 viu a taxa de pobreza cair de 60% para 40%. O país tem pouco mais de 800 mil habitantes e é o único da América do Sul que tem o inglês como idioma oficial.
As descobertas foram realizadas pela empresa americana, que atua no país desde 2015 — ao todo, foram 46 reservas encontradas, sendo quatro só neste ano. A região de Essequibo corresponde a mais de dois terços do território da Guiana, que é reivindicado pela Venezuela.
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Disputa tem mais de 100 anos

Há mais de 100 anos que a Venezuela e a Guiana têm disputado a soberania da região de Essequibo, que abrange cerca de 160 mil quilômetros quadrados a oeste do rio Essequibo e possui grandes reservas de petróleo.
Em 1966, as nações assinaram um acordo para procurar uma solução pacífica para esta disputa, mas em 2018 a Guiana apresentou uma ação perante o Tribunal Internacional de Justiça na qual pede ao tribunal que valide legalmente a sentença arbitral de 1899 que lhe confere controle absoluto sobre a região.
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