O país que até hoje não conseguiu se recuperar do terremoto que matou mais de 200 mil pessoas em 2010, além dos efeitos causados pela pandemia, é o mais pobre da América Latina. Só nos últimos três meses, centenas de pessoas foram mortas por conta de disputas entre facções e milhares chegaram a ser expulsas de casa.
"Muitas das vítimas relatam que as suas casas foram queimadas e os negócios destruídos, deixando-as sem fonte de rendimento e com poucos bens pessoais", afirmou a organização internacional.
Mais de 200 mil refugiados
A onda de violência aumentou para 200 mil o número de refugiados internos, estima a ONU. O problema agrava ainda mais a situação do Haiti que, segundo dados mais recentes das organizações alimentares, tem 44% da população – 4,35 milhões de pessoas – que enfrenta ou enfrentará insegurança alimentar aguda nos próximos meses. A insegurança alimentar aguda é a incapacidade de uma pessoa de consumir alimentos suficientes e que coloca em risco a sua vida ou o seu sustento.
Os refugiados vivem em 90 locais improvisados em Porto Príncipe, incluindo escolas, igrejas e até edifícios abandonados. O Programa Alimentar Mundial da ONU atua na distribuição de 550 mil refeições, sendo pelo menos 22 mil por dia com arroz e feijão combinados com vegetais frescos, carne ou peixe.
Nesta segunda-feira (30), o governo haitiano chegou a proibir voos fretados para a Nicarágua, rota utilizada por migrantes e refugiados para chegar aos Estados Unidos. Só no aeroporto de Porto Príncipe, centenas de pessoas estão no estacionamento por conta da medida.
Crise aguda dura décadas
O Haiti vive uma crise sociopolítica que dura há décadas e se agravou desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021. Desde então, a falta de ação das autoridades levou a um aumento sem precedentes da influência de grupos de gangsters que praticam extorsões e sequestros, além de controlarem áreas inteiras do país, incluindo terminais de combustível.
Em setembro, o Brasil chegou a rejeitar enviar tropas para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti por "atritos internos". O país chegou a liderar por 13 anos a iniciativa da ONU.
Para Brasília, não existe clima para uso das forças nacionais no exterior enquanto a situação entre o Executivo e o Exército Brasileiro não ficar esclarecida após a tentativa de golpe. No entanto, Brasil vai fornecer treinamento para policiais haitianos ainda este ano. Canadá e EUA também se recusaram a enviar tropas.