Na terça-feira (31), o país sul-americano anunciou que cessaria seu contato diplomático com Tel Aviv por conta do conflito em curso, alegando que a decisão estava alinhada com os princípios da Carta da ONU.
O governo israelense criticou o pedido, afirmando que a ação boliviana é "uma capitulação face ao terrorismo" e que La Paz, na verdade, se "alinha com os terroristas do Hamas", conforme disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Lior Haiat.
Mamani considerou "inadmissíveis" as declarações israelenses, as quais, em sua visão, questionam a determinação soberana do país sul-americano, acrescentando que a atual determinação da Bolívia "não se baseia apenas neste último conflito, mas remonta a vários anos".
"A decisão boliviana é um ato de solidariedade ao povo palestino na Faixa de Gaza. Consideramos que há um massacre, um genocídio contra nossos irmãos palestinos. As palavras de Haiat são fortemente rejeitadas pelo governo do Estado Plurinacional da Bolívia. Essas declarações do governo de Israel, feitas em resposta à determinação soberana da Bolívia de romper relações diplomáticas com aquele país são inadmissíveis sob todos os pontos de vista", esclareceu o vice-chanceler à Sputnik.
Mamani destacou que "a comunidade internacional na Assembleia Geral das Nações Unidas e em outros espaços tem questionado firmemente a atuação do governo de Israel. Do nosso ponto de vista, toda a violência [israelense] gera sempre esta situação que o povo palestino atravessa".
O diplomata a ainda acrescentou que o presidente, Luis Arce, tomou a decisão de romper com Tel Aviv ao ver "o sofrimento do povo palestino". O vice-chanceler também reconheceu que "as relações comerciais com Israel já estavam congeladas, mas a determinação foi oficializada com base nas ações israelenses que vemos diariamente".
Mamani também fez questão de sublinhar que "todo o gabinete apoia a decisão do presidente. Somos solidários e repudiamos o genocídio que está sendo cometido na Faixa de Gaza".
Logo após a Bolívia ter feito o anúncio, os governos da Colômbia e do Chile chamaram os seus embaixadores em Israel para consulta. Neste sentido, La Paz pediu aos países da região que tomassem uma decisão conjunta para "condenar os crimes de guerra cometidos pelo Estado israelense contra a população civil da Palestina".
"Temos que levantar a voz com o objetivo de que Israel pare o genocídio. Da mesma forma, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve agir a favor da paz e do diálogo através de negociações diplomáticas", disse Mamani expressando "apoio pleno" às ações realizadas pelo secretário-geral da organização internacional, António Guterres.
Vale lembrar que essa não foi a primeira vez que o país andino cortou relações com Tel Aviv. Em 2009, sob a gestão de Evo Morales, a Bolívia também rompeu relações justamente por ataques cometidos contra o povo palestino. No entanto, em fevereiro de 2020, o vínculo foi reestabelecido pelo governo de Jeanine Áñez.
Ontem (2), Israel comentou as declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e as decisões de Colômbia, Chile e Bolívia, dizendo que as autoridades desses países estão "mal informadas" sobre o que realmente aconteceu na Faixa de Gaza, ao mesmo que apontou que os números de mortos são divulgados pelo Hamas, indicando que os números podem não ser verdadeiros, conforme noticiado.
O número de palestinos mortos no confronto subiu para 9.061 e outros 32.000 estão feridos. Entre os mortos, 3.760 crianças e 2.326 mulheres, disse o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza ontem (2), segundo a Agência Brasil. Em Israel, o número de mortos é de 1.403.