O ex-funcionário participou do ataque com outros simpatizantes de Trump, quando uma multidão entrou no Capitólio em contestação ao resultado das eleições — à época o atual presidente, Joe Biden, havia vencido o republicano.
Na ocasião, o grupo passou pelo cordão formado por policiais na entrada de um túnel na ala oeste do palácio do Parlamento norte-americano.
Segundo o processo, Klein agrediu diversos agentes, além de ter instigado outros agitadores a tentarem impedir o fechamento das portas de entrada pela polícia. O veterano das Forças Armadas "liderou um cerco implacável contra os agentes da polícia" durante a tentativa de impedir que o Congresso Nacional norte-americano certificasse a vitória eleitoral de Biden.
Suspeito se recusou a ir ao tribunal
Federico Klein se recusou a ir ao tribunal e não testemunhou em seu julgamento, quando o juiz federal Trevor McFadden o condenou a cinco anos e dez meses de prisão. "Suas ações em 6 de janeiro foram chocantes e atrozes", disse à AP o juiz.
Além disso, o veterano deve pagar multa de US$ 3 mil (R$ 14,7 mil), acrescidos de US$ 2 mil (R$ 9,8 mil) por conta dos danos. A data em que ele deverá se apresentar na prisão ainda será determinada pelo juiz.
Durante o governo Trump, Klein atuou no escritório de assuntos brasileiros e do Cone Sul do Departamento de Estado, a partir de 2017. Em janeiro de 2021, um dia antes de o democrata assumir a presidência dos Estados Unidos, ele renunciou ao cargo.
Para os promotores, Klein se envolveu nos ataques movido pelo desejo de manter seu emprego de alto funcionário nomeado pela presidência. "Como funcionário do governo federal, Klein havia recebido a confiança do povo americano e tinha a obrigação de fazer cumprir a lei. Ele traiu essa confiança em 6 de janeiro, quando atacou o mesmo país pelo qual era pago para trabalhar a seu favor", enfatiza o processo.
Já a defesa afirmou que há exagero na atribuição do papel de Klein nos distúrbios, apenas por sua conexão política com o ex-presidente Donald Trump.
O relatório do comitê da Câmara dos Representantes sobre o ataque ao Capitólio foi divulgado no ano passado, com 845 páginas e incluindo diversos documentos baseados em mais de mil depoimentos e e-mails, textos e gravações telefônicas obtidas, entre outras evidências.
O documento destaca que "nenhum dos eventos do dia 6 de janeiro teria ocorrido" sem a liderança do ex-presidente.
Entre a eleição de novembro de 2020 e os protestos no Capitólio, Trump e seu círculo "realizaram pelo menos 200 aparentes atos de sensibilização, pressão e condenação pública e privada contra os legisladores estatais, administradores estatais ou locais, para suspender os resultados das eleições", diz a peça.