"Apesar das declarações recentes, o Hamas é o único fator atrasando a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza, por seus próprios interesses", declarou, via vídeo publicado em redes sociais, o embaixador.
Durante o pronunciamento, o representante israelense no Brasil enfatizou que é preciso lembrar que Israel está em guerra total contra "uma organização terrorista que repetidamente espalha desinformação para criar terror".
Brasileiros podem voltar ainda esta semana
"Os brasileiros que aguardam repatriação podem deixar a Faixa de Gaza até o final desta semana. Não há uma data certa. Mas o governo está fazendo esforços duros para trazê-los o quanto antes", afirmou fonte ligada ao Itamaraty à Sputnik Brasil.
A fonte continuou: "Há esforços sendo feitos para que o governo brasileiro consiga trazê-los nesta quinta-feira [9], mas não é uma data certa. Não há como frisar uma data se ainda há acordos acontecendo".
Após um grupo de 34 brasileiros que está na Faixa de Gaza ter ficado fora da lista de cidadãos que regressariam ao país de origem nesta quarta-feira (8), os integrantes receberam uma mensagem da Embaixada do Brasil afirmando que a saída do território deve acontecer nesta quinta-feira (9).
Brasileiros sofrem
Em relato exclusivo à Sputnik Brasil, a brasileira residente da Faixa de Gaza Shahd al-Banna, de 18 anos, contou como o bloqueio e os ataques aéreos israelenses vêm afetando a sua vida e a dos demais moradores da região, privando-os de água, comida, luz e, principalmente, segurança.
"Em Gaza não há um lugar seguro. Os bombardeios não param, em todo lugar. O tempo todo temos entes que morrem. Agora já são 12 mil pessoas que morreram [em Gaza, os números confirmados são de 10.569 mortes], a maioria são crianças. Eu sei que algumas amigas minhas não conseguiram sair do norte, e agora eu não tenho informações. Tento ligar para elas, mas não há rede, cortaram a conexão, infelizmente", relata.
O drama e a luta para sobreviver são acentuados por conta de um bloqueio marítimo, aéreo e terrestre por parte de Israel, que afeta os quase 3 milhões de residentes da Faixa de Gaza.
"Não temos uma rotina exata. A rotina é esperar sair daqui. Estamos sem gás e sem água mineral. Internet e luz já não temos há um tempão. Eu tô sentindo muita saudade de beber água limpa, você não tem noção. É ruim beber água salgada, é muito ruim", completa Shahd.
Aguardando autorização
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse na última sexta-feira (3) que os brasileiros que aguardam o aval para deixar Gaza receberiam a liberação hoje (8). Conforme o chanceler brasileiro, a garantia veio de seu homólogo isralense, Eli Cohen.
De acordo com a Agência Brasil, os 34 brasileiros estão abrigados nas cidades de Khan Yunis e Rafah, que ficam próximo à fronteira com o Egito. Ainda conforme a mídia, o Itamaraty afirmou que o resgate vai compreender desde a saída dos cidadãos da Faixa de Gaza — oferecendo ônibus para transporte, alimentação e medicamentos — até o embarque no Aeroporto Internacional do Cairo, onde um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) aguarda os brasileiros.
Esforços do governo brasileiro
Na sexta-feira (3), uma nova lista com nomes de 571 estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza foi divulgada. Entre eles, nenhum brasileiro.
Desse total, 367 eram estadunidenses e outros 127 eram britânicos. Havia pessoas ainda da Alemanha, da Itália, da Indonésia e do México, informou a representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia.
Em resposta enviada à Sputnik Brasil, o Itamaraty sinalizou que brasileiros não entraram nessa leva, mas que o governo federal segue trabalhando para agilizar a saída deles da Faixa de Gaza.