Segundo a agência de notícias, os confrontos ocorreram na semana passada, nas proximidades da cidade de El Geneina, centro administrativo de Darfur Ocidental. O comunicado da OIM citado diz ainda que cerca de 100 pessoas ficaram feridas e 300 estão desaparecidas.
"Relatos e imagens chocantes vindos de Ardamata, Darfur Ocidental, incluindo assassinatos, violações graves e massacres de civis, após a tomada da área pelas RSF. Aqueles com autoridade devem respeitar o direito internacional humanitário, proteger civis, garantir o Estado de direito e fornecer acesso humanitário irrestrito a pessoas vulneráveis", escreveu Toby Harward, coordenador humanitário adjunto da ONU no Sudão, no X (antigo Twitter).
Desde 15 de abril ocorrem combates no Sudão entre as RSF, sob o comando de Mohamed Hamdan Dagalo, e o Exército regular.
Pessoas que fugiram para o Chade relataram um novo aumento de assassinatos por motivos étnicos no oeste de Darfur, no Sudão, depois que as Forças de Apoio Rápido (RSF) assumiram o controle da principal base militar na capital do estado, El Geneina.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que meses de combates no país podem levar a surtos de doenças e a um colapso fatal do sistema de saúde.
De acordo com a OIM, o número de pessoas deslocadas internamente no Sudão ultrapassou 7 milhões.
Desde o início do conflito, em abril, cerca de 2,8 milhões de pessoas se deslocaram internamente e 800 mil fugiram para países vizinhos, de acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Entenda o conflito
Em 2019, o país foi abalado por uma onda de protestos que depôs o presidente Omar al-Bashir, após quase 30 anos no poder.
Em outubro de 2021, militares deram um golpe de Estado e tomaram o poder após prender o então primeiro-ministro interino, Abdallah Hamdok.
No centro dos confrontos estão o líder das Forças Armadas sudanesas, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante das RSF, Mohamed Hamdan Dagalo. Aliados, em 2019, para derrubar Bashir, tornaram-se inimigos por disputas de poder.
O Exército interpretou o espalhamento das RSF pelo território sudanês, em abril, como uma ameaça, ensejando os confrontos, de extrema violência, com corpos nas ruas e estupros em massa.
Aproximadamente 25 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária, de acordo com a representante especial adjunta do secretário-geral da ONU e coordenadora residente e humanitária no Sudão, Clementine Nkweta-Salami:
"São milhares de relatos de casos crescentes de violência sexual e baseada no gênero, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e violações graves dos direitos humanos e das crianças", declarou ela em informe da ONU.