Panorama internacional

EUA nunca vão permitir que a Austrália desista do confronto com a China, diz analista

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak (D), se encontra com o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese (E), na base naval de Point Loma, em San Diego. EUA, 13 de março de 2023
O ex-primeiro-ministro australiano Gough Whitlam foi destituído do cargo pelo representante da monarquia britânica depois de retirar as tropas australianas do Vietnã. O seu atual sucessor está agora a marchar com os EUA e o Reino Unido para o confronto com Pequim, destacou o ativista pacifista KJ Noh.
Sputnik
O primeiro-ministro da Austrália não ousa sair da linha com os EUA e o Reino Unido em relação à China por medo de ser destituído do cargo, disse o ativista pela paz KJ Noh à Sputnik.
Segundo ele, o primeiro-ministro do Partido Trabalhista Australiano, Anthony Albanese, teria tido o destino de seus antecessores em mente em sua viagem a Pequim no início desta semana, na segunda-feira (6), para se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping.

"A Austrália é sempre um vassalo dos EUA, se não um cão de ataque. E isso remonta às [guerras] do Líbano, do Vietnã e do Afeganistão, até o momento presente", disse Noh. "Quando eles não fizerem o que os EUA querem que façam, como foi o caso de Gough Whitlam ou, mesmo, de Kevin Rudd, então veremos uma mudança muito rápida e abrupta no governo."

Rudd, também ex-líder trabalhista, foi deposto em um desafio interno de liderança em 2010, após três anos como primeiro-ministro.
O comentarista observou que houve algum "aquecimento" nas relações entre Camberra e Pequim, mas argumentou que isso era apenas parte do jogo "policial bom, policial mau" jogado pelos EUA, Reino Unido e Austrália.

"Albanese neste momento está assumindo o papel de bom policial. Os chineses estão o acomodando porque estão tentando ver se conseguem tirá-lo da órbita dos EUA", disse Noh.

Placa exibida na entrada do porto de Darwin, na cidade de Darwin, Austrália, 28 de agosto de 2023
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O analista sublinhou que a aliança militar AUKUS (Austrália-Reino Unido-EUA) — selada com um acordo para fornecer à Austrália submarinos de ataque rápido com propulsão nuclear e armados com mísseis de cruzeiro — continua a ser central na abordagem de confronto do Ocidente com a China.

"AUKUS faz parte do pivô", disse Noh. "A Austrália é a frente sul deste cerco abrangente à China, e o AUKUS é um braço nuclear muito, muito crítico dessa escalada beligerante."

Mas o especialista disse que os EUA não estavam preparados para um confronto total com a China, embora ainda tivesse nos seus interesses a fracassada luta por procuração com a Rússia e a súbita escalada do conflito Israel-Palestina.

"Vemos isso nas próprias relações EUA-China, com a visita de Gavin Newsom [governador da Califórnia] à China, com a divulgação de Janet Yellen [secretária do Tesouro dos EUA]", destacou Noh. "Portanto, há uma espécie de tentativa de colocá-lo de volta em banho-maria, deixá-lo ferver. Não queremos que ferva ainda. Estamos ocupados com um genocídio em grande escala, que estamos dando luz verde e apoiando. E, por outro lado, temos um colapso total da nossa guerra por procuração na Ucrânia."

"Então eles querem que a questão da China se acalme um pouco", continuou o analista. "É ganhar tempo. Estas são reduções táticas. E, a menos que haja uma mudança massiva na política e nas pessoas, acho que podemos assumir que esse trem ainda está indo na mesma direção. É apenas uma espécie de parada para reabastecimento."
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