Panorama internacional

O que significam as declarações de Israel sobre manter o controle da segurança em Gaza?

Território praticamente isolado por conta dos bloqueios israelenses por terra, mar e ar desde 2007, a Faixa de Gaza é palco de um dos conflitos mais sangrentos dos últimos anos, com mais de 11 mil mortes em apenas cinco semanas. Mesmo com o fim dos confrontos com o Hamas, Israel parece não querer abrir mão desse controle.
Sputnik
Mas, manter a segurança na região é uma questão importante que não pode ser responsabilidade exclusiva de Israel, pontuou o analista independente de inteligência estratégica no Oriente Médio, Avi Melamed, à Sputnik.
Neste sábado (11), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu que haverá controle total da segurança israelense mesmo após acabar com o Hamas.
Segundo o premiê, as medidas vão incluir uma desmilitarização em grande escala com o objetivo de evitar qualquer ameaça ao país judeu.
Conforme declarou Netanyahu, as Forças de Defesa de Israel (FDI) "continuarão controlando a Faixa de Gaza mesmo após a guerra, porque o Estado judaico não confiará nas forças internacionais" para garantir a segurança no enclave palestino.

No entanto, o especialista defende que funcione uma "espécie de estrutura regional, que incluirá os principais Estados árabes, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Egito", argumentou Avi Melamed.

"Muitas coisas que precisam ser feitas. Entre elas, reabilitar e repovoar os cidadãos de Gaza para que voltem às suas casas ou encontrar soluções para aqueles que não podem voltar, bem como fornecer serviços governamentais e todas essas coisas", afirmou Melamed.
Já com relação à população civil que precise de apoio para se reerguer após o conflito, Melamed enfatizou que a questão "deve ser abordada em nível regional e internacional", pois "não é responsabilidade" apenas de Israel.
"Isso é algo do qual Israel pode fazer parte", declarou, referindo-se à cúpula islâmica-árabe realizada em Riad, capital da Arábia Saudita, onde os participantes discutiram como ajudar "seus irmãos, os palestinos".
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Com relação às medidas de segurança de Israel no território, o analista propôs que devem impedir que o Hamas continue sendo "um ator que pode ditar sua agenda na região, assim como em relação aos israelenses e aos palestinos". Segundo Melamed, as medidas devem incluir "restrições" para proteger os civis de Gaza e "garantir que não sofram danos".
Sobre o Hamas, Melamed destacou que as ações israelenses "precisam ser tomadas de diferentes maneiras, exercendo pressão militar, sufocando as capacidades econômicas do Hamas, e perseguindo os militantes e comandantes do grupo de muitas outras formas".
"Como eu disse, uma estrutura internacional e regional deve ser estabelecida para lidar com toda a situação na Faixa de Gaza. E dentro dessa estrutura, medidas muito decisivas e ativas devem ser tomadas para impedir que o Hamas se torne novamente um ator importante", concluiu o analista.
Segundo Avi Melamed, a escalada do conflito palestino-israelense, que ocorreu em 7 de outubro após um ataque repentino em grande escala do Hamas contra o Estado judeu a partir da Faixa de Gaza, "não dá sinais de terminar".
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