"Os funcionários da administração do presidente dos EUA, Joe Biden, estão cada vez mais discordantes do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre como conduzir a ofensiva militar contra o Hamas e como os dois países veem o futuro político de Gaza", disse o canal.
Além disso, a Casa Branca já demonstra preocupação com o fato de Israel não realizar medidas para reduzir o número de vítimas entre os palestinos. Uma das regiões mais vulneráveis do mundo, com 80% da população na faixa da pobreza, a Faixa de Gaza tem cerca de 2,3 milhões de habitantes.
O governo do presidente democrata também está cauteloso com a ideia de criar uma zona tampão (faixa de terra que separa dois territórios) no norte de Gaza. "Os EUA afirmaram que não deve haver deslocamento de palestinos de Gaza", disse um funcionário citado pela NBC.
Cerca de 1,6 milhão de pessoas foram obrigadas a deixarem suas casas na região norte de Gaza por conta da escalada do conflito. Nesta quarta-feira (15), o Conselho de Segurança da ONU aprovou por 12 votos favoráveis e três abstenções uma resolução que pede pausas humanitárias prolongadas no território, além da libertação dos quase 240 reféns mantidos pelo movimento Hamas.
Essa foi a primeira vez que o principal órgão da ONU quebrou o silêncio com relação à guerra promovida por Israel, uma das mais sangrentos do Oriente Médio nas últimas décadas.
Secretário admitiu necessidade de reduzir vítimas
Ataques a hospitais, escolas, campos de refugiados e até abrigos da ONU. Esse tem sido o cenário quase diário do conflito entre o Hamas e Israel, país que, segundo as Nações Unidas, é suspeito de cometer crimes de guerra. Toda essa pressão fez os Estados Unidos admitirem pela primeira vez, no início do mês, que o aliado precisa tomar medidas para minimizar o número de vítimas civis.
A afirmação é do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em entrevista ao canal de televisão japonês NHK. Questionado sobre o aumento do número de palestinos mortos, Blinken afirmou que Israel tem o direito de se defender depois dos ataques do Hamas no dia 7 de outubro, quando foguetes conseguiram romper o sistema de defesa e militantes do movimento entraram pela fronteira sul — na ocasião, mais de 1,2 mil israelenses morreram.
Apesar disso, destacou que tudo deve acontecer segundo o direito humanitário internacional, que Israel é acusado de não respeitar. "E há medidas, medidas adicionais, que acreditamos que Israel pode e deve tomar para minimizar as vítimas civis e o sofrimento das pessoas. É um desafio muito difícil, porque o que o Hamas faz é se inserir intencionalmente no meio dos civis, coloca seus comandantes, postos de comando, armas e munições dentro ou embaixo de edifícios, escolas, mesquitas, hospitais", justificou.
Cinco semanas de conflito
As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. Em questão de dias, as forças militares israelenses tomaram controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos em diversos alvos, incluindo civis. Israel também anunciou um bloqueio total ao setor de Gaza: a entrega de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustíveis foi interrompida em diferentes momentos.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por forças terrestres israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
O conflito, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e confrontos na região por muitas décadas. A decisão da ONU em 1947 determinou a criação de dois Estados, Israel e Palestina, mas apenas o Estado israelense foi estabelecido.