Para a entidade, a ofensiva das Forças de Defesa de Israel alcança "novos níveis de horror a cada dia". Nesta quarta-feira (15), os militares voltaram a fazer operações dentro do maior hospital da cidade de Gaza, Al-Shifa, em meio a cerca de 1,5 mil pacientes e mais de sete mil pessoas que se abrigam na estrutura por conta da guerra.
A declaração do secretário-geral adjunto de Assuntos Humanitários e coordenador de Socorro de Emergência da OCHA, Martin Griffiths, lembra que o mundo assiste em choque a esses ataques, além da morte de bebês prematuros por falta de eletricidade e privação dos meios básicos de sobrevivência para toda população do território, que tem cerca de 2,3 milhões de habitantes. Desse total, 80% já vivia na pobreza antes da guerra.
Griffiths pediu que Israel e Hamas respeitem o direito internacional humanitário, além de encerrar os combates ou realizar um cessar-fogo para a chegada de ajuda com remédios, combustíveis, medicamentos e água. O plano possui dez pontos, que entre as propostas traz de resposta humanitária ao custo de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,8 bilhões). Confira:
Facilitar os esforços das agências para trazer um fluxo contínuo de comboios de ajuda e fazê-lo de maneira segura;
Abrir pontos de travessia adicionais para a entrada de ajuda e caminhões comerciais, incluindo Kerem Shalom, a passagem entre o território palestino e Israel;
Permitir que a ONU, outras organizações humanitárias e entidades públicas e privadas tenham acesso a combustível em quantidades suficientes para fornecer ajuda e serviços básicos;
Permitir que as organizações humanitárias entreguem ajuda em toda Gaza sem impedimentos ou interferências;
Permitir à ONU ampliar o número de abrigos seguros para pessoas deslocadas em escolas e outras instalações públicas em toda a Faixa de Gaza, garantindo que permaneçam em lugares seguros durante as hostilidades;
Melhorar um mecanismo de notificação humanitária que ajudaria a proteger civis e infraestruturas civis das hostilidades e facilitaria o acesso humanitário.
Permitir o estabelecimento de centros de distribuição de ajuda para civis, de acordo com as necessidades;
Permitir que civis se desloquem para áreas mais seguras e retornem voluntariamente às suas residências;
Financiar a resposta humanitária, que agora totaliza US$ 1,2 bilhão (R$ 5,8 bilhões);
Implementar um cessar-fogo humanitário para permitir a retomada de serviços básicos e essenciais e retomar o comércio. O cessar-fogo também é vital para facilitar a entrega de ajuda, permitir a libertação de reféns e proporcionar alívio aos civis.
Griffiths enfatizou que essas ações são necessárias para interromper o massacre e que o plano é abrangente. Segundo o dirigente, a ONU está determinada a promover cada passo, mas precisa de amplo apoio internacional. Além disso, concluiu que o mundo deve agir antes que seja tarde demais.
Bairros inteiros destruídos
Para a ONU, a destruição de bairros inteiros "não é uma resposta para os crimes atrozes cometidos pelo Hamas". Em um artigo de opinião, o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos no Oriente Médio (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, disse que a ofensiva israelense cria "uma nova geração de palestinos injustiçados que provavelmente continuarão o ciclo de violência".
Em resposta aos ataques do Hamas contra Israel, Tel Avi mobilizou mais de 300 mil reservistas, além de iniciar ataques aéreos contra o território palestino. Em 28 de outubro, Netanyahu anunciou que as tropas entraram por terra em Gaza e avançaram para a segunda fase da guerra. O objetivo é destruir a infraestrutura do Hamas e localizar os mais de 240 reféns.
Muitos países já apelaram a Israel e ao Hamas para que cessassem as hostilidades e negociassem um cessar-fogo, além de uma solução de dois Estados como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.