No sábado (18) foi publicado no jornal norte-americano The Washington Post um artigo de opinião de Joe Biden, presidente dos EUA, no qual ele afirmou que os conflitos em torno da Ucrânia e de Israel podem resultar em um "enorme progresso" para Washington.
Wang Yiwei, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Popular da China, vê a abordagem norte-americana como não destoando da tradição do país.
"Sempre houve uma forte crença no pensamento cristão protestante americano de que os Estados Unidos receberam de Deus a missão de salvar o mundo, que estão do lado da justiça, e essa ideologia influencia a estratégia externa dos Estados Unidos", de acordo com o especialista.
"Os EUA estão sempre convencidos de que estão certos, de que são a nação escolhida pelos céus e de que, mesmo que façam algo ruim, o fazem em nome da justiça. Pode-se dizer que essa é uma visão de mundo falha. Quanto ao respeito por outras culturas, à não interferência nos assuntos internos de outros países, esse é um fardo impossível para os EUA, é sua maneira típica de pensar."
Segundo Wang, os EUA tiraram grande proveito das duas guerras mundiais, inclusive sem sofrer praticamente nenhum dano no seu território em resultado delas. Por causa disso, aponta, o país norte-americano, com base em sua experiência histórica, acredita que a guerra pode ser lucrativa, "especialmente para o complexo industrial-militar", o que torna difícil que compreenda o custo da guerra e do sofrimento.
"Os EUA não deixarão de atear fogo aos conflitos até que atinjam seus objetivos estratégicos. Alguns de seus políticos chegam a falar em 'hoje Ucrânia, amanhã Taiwan'. Isso acontece porque os EUA não têm lembranças dolorosas da guerra. Agora os EUA estão promovendo sua estratégia na região do Indo-Pacífico, proclamando seu retorno à Ásia para conter a China. Para isso, estão dispostos até mesmo a retirar algumas de suas forças da Europa e do Oriente Médio", avaliou.
"Foi a liderança irresponsável dos EUA que levou a tantas crises no mundo", resumiu Wang Yiwei.