Panorama internacional

Exportações de bens militares da Turquia para a Rússia disparam, incomodando a OTAN, diz mídia

Crescimento nas remessas de peças restritas alimenta as suspeitas ocidentais de que as empresas turcas são um canal de produtos sensíveis para Moscou.
Sputnik
De acordo com o Financial Times (FT), as exportações da Turquia para a Rússia de bens militares vitais para as Forças Armadas russas dispararam neste ano, aumentando as preocupações entre os EUA e os seus aliados de que o país esteja agindo como um canal de produtos sensíveis para Moscou.
Em um sinal de tensão entre os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o subsecretário do Tesouro dos EUA para o terrorismo e inteligência financeira, Brian Nelson, vai visitar Istambul e Ancara ainda nesta semana para discutir "esforços para prevenir, interromper e investigar atividades comerciais e financeiras que beneficiem o esforço russo na sua guerra contra a Ucrânia", afirma o FT.
Ainda segundo a mídia, os esforços para acabar com este comércio com a Rússia têm sido relativamente inconclusos, uma vez que os produtos têm aplicações comerciais e militares.
Nos primeiros nove meses de 2023, a Turquia reportou o triplo das exportações de 2022, registrando US$ 158 milhões (cerca de R$ 777,1 milhões) em exportações de 45 bens que os EUA listam como "de alta prioridade" para a Rússia e cinco antigos países soviéticos suspeitos de agirem como intermediários para Moscou.
As 45 categorias de mercadorias, que incluem itens como microchips, equipamentos de comunicação e peças como miras telescópicas, estão sujeitas a controles de exportação dos EUA, da União Europeia (UE), do Japão e do Reino Unido, destinados a impedir a sua entrada na Rússia. Mas estas podem ser contornadas por empresas que utilizem estruturas de intermediários para disfarçar os seus destinos finais, especula a mídia.
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Rússia e Turquia quase dobram comércio em 2023, segundo dados
As importações da Turquia de bens de alta prioridade provenientes de países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) aumentaram mais de 60% até agora neste ano, em comparação com os mesmos períodos entre 2015 e 2021, para quase US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões).
A Turquia, juntamente com os Emirados Árabes Unidos, serve frequentemente como destino intermediário para entidades russas que procuram explorar rotas de importação em várias etapas para contornar os controles, disse um responsável europeu pelas sanções ao FT.
Washington e os seus aliados europeus apelaram à Turquia para que tomasse medidas para limitar o comércio, segundo duas autoridades ocidentais informadas sobre o assunto. O Departamento do Tesouro dos EUA também sinalizou a questão neste mês na sua última rodada de sanções à Rússia.
A Turquia manteve fortes laços diplomáticos e comerciais com a Rússia, ao mesmo tempo que se comprometeu a não ajudar Moscou a contornar os controles ocidentais às exportações. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que, embora não tenha respeitado as sanções ocidentais, "o monitoramento rigoroso e a prevenção dos esforços para contornar as sanções através da Turquia são parte integrante da nossa [...] política".
As tensões comerciais surgem em um momento delicado para as relações da Turquia com o Ocidente. Ancara procura comprar caças F-16 norte-americanos no valor de bilhões de dólares, enquanto os EUA e a Europa pressionam a Turquia a aprovar a adesão da Suécia à OTAN.
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