Conforme a corporação, o nível saiu de máximo, quando há possibilidade imediata de colapso, para alerta. Desde o início das medições, o solo no entorno da mina da multinacional já registrou um afundamento de 1,86 cm.
No dia 29 de novembro, o deslocamento vertical chegou a 5 cm/h, o mais alto já registrado, mas nesta terça chegou a 0,27 cm/h. Na segunda (4), ficou em 0,26 cm/h. Só nas últimas 24 horas, o solo provocou um afundamento de 6,2 cm.
Circulação não recomendada
Mesmo com a redução do nível de alerta de colapso na região, a Defesa Civil manteve a recomendação para que a população não transite na área que foi desocupada, "enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo".
A mina em risco fica às margens da lagoa Mundaú, cartão-postal de Maceió e uma das áreas mais importantes para a pesca de marisco em Alagoas. Com a possibilidade de desabamento, cerca de 6 mil pescadores e marisqueiras da região estão proibidas de desempenhar a atividade.
Por conta disso, o governo federal anunciou o pagamento de um auxílio de R$ 2.640 aos trabalhadores por conta do isolamento da lagoa. "O estuário lagunar Mundaú e Manguaba é um dos maiores centros do planeta em produção de proteína animal de origem lagunar e marítima. Então, isso é bastante relevante. Muitas pessoas, pelo menos 6 mil, têm a sua renda a partir da atividade produtiva da pesca e da coleta de marisco na lagoa", disse à Agência Brasil o ministro dos Transportes, Renan Filho, que é de Alagoas.
Primeiros registros de colapso em 2018
Responsável pela exploração de 35 minas para a retirada de sal-gema em plena área urbana, a atuação da petroquímica Braskem em Maceió foi responsável pelos primeiros afundamentos de solo ainda em 2018, quando cerca de 60 mil moradores precisaram deixar suas casas em cinco bairros.
Na época, segundo o governador Paulo Dantas (MDB), a empresa comprou os imóveis e pagou R$ 40 mil em indenização, o que não seria suficiente. "A indenização moral foi paga por imóvel, não pode ser por imóvel. A indenização moral tem que ser paga por cada vítima [cada membro da família]. Os imóveis foram comprados pela Braskem. Agora, a Braskem cometeu o crime e hoje tem o maior patrimônio imobiliário do município de Maceió", afirmou também à Agência Brasil.
O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) multou a empresa — que tem a Petrobras como segunda principal acionista — em R$ 72 milhões por omissão de informações, danos ambientais e risco de colapso e desabamento da mina 18.
Essa é a segunda infração aplicada à companhia, que também foi condenada a pagar outros R$ 70,2 milhões por degradação ambiental, valor decorrente de suas atividades em Maceió.